quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Zé Pedro & Creedence Clearwater Revival

"Antes do 25 de Abril, já estava muito interessado em música. A primeira banda a que liguei foi aos Creedence Clearwater Revival, com o álbum Cosmo's Factory, que adorei. É com eles que acabo por descobrir o rock. Na altura, comprávamos os discos pelas listas inglesas e quando eles chegavam fechávamo-nos na cave de um amigo que tinha uma super aparelhagem, com giradiscos e amplificadores, para ouvi-los em grupo. Eu comprava as revistas, a [francesa] Rock & Folk e a Pop, que era alemã, por causa dos posters, e lembro-me de ver uma foto do David Bowie, na fase do Ziggy Stardust. O gajo de minissaia e botas. Comecei a tentar imitar essas figuras, porque me fascinavam muito. Certa vez, passei um aniversário no Algarve vestido nesse imaginário, mas a minha mãe achou graça e deixou-me estar no meio dos outros miúdos, de botas altas e minissaiazita. (risos) Apoiou-me sempre muito nessa parte de artista rebelde que sentia que eu tinha. Quando vim do interrail, fascinado pelos punks, muitas vezes era ela que me pintava a cara de branco também tinha aparecido a Laranja Mecânica e havia esse fascínio. E tinha o alfinete na boca. Ela nunca se opôs e, quando os Xutos aparecem, chegou a ver um ou outro concerto, com tudo à pantufada. O meu pai é que dizia: «és músico, mas o que é que queres fazer na vida?»"

Zé Pedro (  Amaro dos Santos Reis), fundador dos
Xutos&pontapés , ao  Jornal Blitz  em 2016

Sem comentários:

Enviar um comentário