sábado, 30 de dezembro de 2017

Daniel Day Lewis, Jack Nicholson and Robin Williams

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Criolo Doido - Linha De Frente




O nó da tua orelha ainda dói em mim
E cebolinha mandou avisar
"quando a fleguesa chega
Muitos pãezinhos a de degustar"
Magali faz a cadência da situação
É que essa padaria nunca vendeu pão
E tudo que é de ruim sempre cai pra cá
Tem pouca gente na fronteira, então é só chegar
O dinheiro vem pra confundir o amor
O santo pesado que tá sem andor
Na turma da mônica do asfalto
Cascão é rei do morro e a chapa esquenta fácil
Quem tá na linha de frente
Não pode amarelar
O sorriso inocente
Das crianças de lá
Quem tá na linha de frente
Não pode amarelar
O sorriso inocente
Das crianças de lá

Alita Moses sings "Kiss" dedicated to Prince

Lovely


terça-feira, 19 de dezembro de 2017

A Moda Mãe - Ao passar da ribeirinha

 Fala quem sabe:
" O que dizer do desafio(...) em que o  primeiro começa a moda num tom muito alto para desafiar o segundo a aguentar-se depois no alto!. E não é que o magano do jovem se aguentou muito bem?"


  Vozes de António Caixeiro, Luís Caixeiro, Bernardo Emídio, José Emídio

Rael Isacowitz ( Basi Pilates) - Shoulder stabilization and pelvic stabilization

* What and where is your  core?
* Great cues to help you to find a beautiful plank.



domingo, 17 de dezembro de 2017

Is You Is or Is You Ain't My Baby / Hit the Road

Annie  Sellick: she's got that swing. Great performance.



Joe Davidian - Piano
Elisa Pruett -
Bass
Justin Varnes - Drums
.

Conto de Natal

A ideia de há muito que o andava a desassossegar. Depois dos primeiros ensaios de auto-apoucamento, Valério conseguiu um primeiro grande resultado: meter-se todo, todinho, numa das pernas (por sinal, a esquerda) do par de calças de sarja que comprara nas Confecções Nilo por trezentos convidativos escudos. Com voz-de-dentro-de-calça chamou a mulher:

- Ó Quinhas anda ver!

Quinhas levou um susto ao dar com uma perna de calça sustentando-se em pé sem, aparentemente, homem lá dentro. Logo se refez para fingir que não era capaz de o encontrar:
- Mas onde é que se teria metido meu Lèrinho!
- Aqui, sua estúpida! – desabafou-abafou a voz de Valério.
Quinhas continuava a brincadeirinha apalpando a perna vazia e bichanando:
- Lèrinho, Lèrinho!
Quando Valério, por fim, se libertou da perna da calça e retomou o seu (natural) ascendente, trocaram prazenteiramente insultos como só os casais muito unidos sabem trocar.
Quinhas seguira os exercícios de auto-apoucamento de Valério. Este começara a enovelar-se pelos cantos da casa: passara de seguida aos gavetões da cómoda e acabara por ser encontrado numa das gavetas da mesa da cozinha. Dessa feita, Quinhas gritara. É que Valério saltara lá de dentro e avantajara-se brandindo aos urros um facalhaz.
- Que horror, querido, pareces um cossaco! – dissera Quinhas que, no autocarro dessa manhã, lera nas Selecções um artigo dum biólogo americano sobre cossacos.
E, então, solenemente, como só os casais muito amigos sabem fazer, combinaram logo ali que Valério, por mais apoucado e encafuado que estivesse, não pregaria sustos daqueles à sua Quinhas. E beijocaram-se, prazidos. Os exercícios de auto-apoucamento de Valério tinham um fim: preparar a grande surpresa para o Necas, quando ele viesse a férias pelo Natal. E vai daí – como o tempo corre! – o Necas veio. Valério considerou o filho com apreensão. Valeria a pena a surpresa? Necas estava tão grande! Aquela sombra no beiço, aquela voz do peito pontuada de estridulações…
- Ora, o Necas é ainda tão criança! – sossegou-o Quinhas.
Criança que era, o Necas só muito raramente acordava no meio do sono com as movimentações tardias que naquela casa estavam a ser o teor diário. Mas na véspera do Natal, o silêncio foi inesperadamente tão grande que o Necas passou toda a noite numa excitação que nem te digo. Coisas de crianças, coisas da quadra?
Ao levantar-se, pés nus, para ir ver o sapatinho, o Necas já ia a bordo dos patins que a mãe lhe prometera. Quando deu com o pai, apoucado, a acenar-lhe amigavelmente da amurada do sapato, Necas fugiu a procurar no regaço de Quinhas a verdadeira dimensão do seu horror:
- Sa…Sa…Saiu-me o…o… o pai no sa…sa…sapato! – soluuuuçava o órfão de vivo. E a mãe, ultrapassada pela reacção do Necas, consolava-o como ia podendo, prometendo-lhe que o pai voltaria a crescer, a crescer.
 
Alexandre O’Neill
Exercícios de auto-apoucamento(com vista ao próximo Natal)

Fiddler on the roof - If I were a rich man

A masterpiece.
 I feel rich...




The moovie

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

ENTRADA

Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com os sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastecia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim: O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz. Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem. Perdoem-me os leitores desta entrada mas vou copiar de mim alguns desenhos verbais que fiz para este livro. Acho-os como os impossíveis verossímeis de nosso mestre Aristóteles. Dou quatro exemplos:1) É nos loucos que grassam luarais; 2) Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Masse o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades.

Manoel de Barros ( Brasil, 1916/ 2014), Poesia Completa

sábado, 9 de dezembro de 2017

Alfredo Marceneiro fala sobre o Fado

" - O que queres que eu diga?
   -Aquilo que o tio Alfredo sabe…
   -  Dediquei-me  a cantar o Fado. Tive, foi,o  condão que  Deus   me  deu de estilar...  tenho mais nada."

" a Amália, que tem a garganta mais linda..."
( tão  bonito e cheio de graça, embora não  o seja a situação  política a que se refere)



  Alfredo Marceneiro  conversa  com  Teresa Silva  Carvalho, José Pracana, João Ferreira Rosa e João Braga, seus "discípulos" e admiradores.
 Memorável lição sobre o Fado, dada por um notável estilista ( era assim que se auto-intitulava).


sábado, 2 de dezembro de 2017

Rui Oliveira e Ela Vaz-Sino da Minha Aldeia (Fernando Pessoa)

As publicações deste blogue acontecem, muitas vezes, por acaso. Há por aqui encontros inesperados.
Com direito (além da vozes e do arranjo musical) a um belíssimo assobio, este é um  feliz acaso.
Encantada.




Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa

"LA SOIF DU MONDE" - Yann ARTHUS-BERTRAND

*À l'ordre du jour*


"Serons-nous capables d'imaginer une nouvelle culture de l'eau ?"
— Yann Arthus-Bertrand

Le film documentaire :



Après HOME et la série Vu du Ciel, le film documentaire de 90 minutes LA SOIF DU MONDE de Yann Arthus-Bertrand, réalisé par Thierry Piantanida et Baptiste Rouget-Luchaire propose un nouveau voyage autour de la terre.

Cette fois-ci le célèbre photographe s'intéresse à l'un des enjeux majeurs pour la survie des populations : l'EAU. Aujourd'hui, dans un contexte de forte croissance de la demande, d'augmentation de la population mondiale et d'aggravation des effets des dérèglements climatiques, l'eau est devenue l'une des plus précieuses richesses naturelles de notre planète Fidèle à la réputation de Yann Arthus-Bertrand, LA SOIF DU MONDE, tourné dans une vingtaine de pays, révèle le monde mystérieux et fascinant de l'eau douce grâce à de spectaculaires images aériennes tournées dans des régions difficiles d'accès et rarement filmées, tel que le Soudan du Sud ou le nord du Congo ; découvertes aussi des plus beaux paysages de notre planète, lacs, fleuves, marais, dessinés par l'eau.

LA SOIF DU MONDE fait donc le pari de confronter la fameuse vision aérienne du monde de Yann Arthus-Bertrand avec la dure réalité quotidienne de tous ceux qui sont privés d'eau, en meurent parfois et se battent sur le terrain pour se procurer l'eau, l'épurer ou l'apporter à ceux qui en manquent.

Le film est tissé de rencontres. Un berger du nord Kenya nous dit dans les yeux qu'il a tué pour de l'eau et qu'il le fera encore. Des femmes dansent lorsque l'eau arrive enfin dans leur village. Une ambassadrice des Nations Unies atypique explique son combat pour que les gouvernements s'engagent eux aussi pour permettre l'accès à l'eau et aux techniques les plus modernes d'épuration, garantes de la survie et de la santé des populations les plus pauvres.

Des reportages réalisés en Europe, en Afrique, en Asie, en Amérique, donnent la parole à ceux qui s'engagent et innovent, afin d'apporter l'eau où elle manque, l'utiliser plus intelligemment, l'épurer ou mieux encore cesser de la polluer.


sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Meditation ( Thais) de Jules Massenet- Christian Li

O homem era duro de ouvido. Costumava dizer, com o seu inconfundível sentido de humor , que tocava muito bem campainha.
O rapazinho gostava de música, tocava violino desde muito pequeno. O homem chamava lhe Periquito.
Um dia perguntou-lhe se sabia tocar o Hino Nacional. O rapaz tocou. A partir daí, invariavelmente:
-Periquito, toca o hino Nacional.
Fazia-se silêncio e ouviam-se os sons de ”A Portuguesa”.
Todos os presentes, quase sempre os mesmos, adivinhavam já e respeitavam aquele momento.
A cena tinha graça. Mesmo que não tivesse, o homem e o rapaz não queriam saber. Era uma coisa deles, um ritual, uma forma de reconhecimento mútuo.
Durante anos foi assim. ”Periquito, toca o Hino nacional” acompanhou o crescimento do rapaz e o envelhecimento do homem. A vida de ambos.
Naquele dia solene,  o homem jazia sob uma antiga e delicada colcha de seda da Índia que tinha sido usada em muitas cerimónias alegres da sua vida.
Um violino desconsolado chorava "Méditatio n"( Thaïs) de Jules Massenet. Periquito tocava com o que lhe ia na Alma.
LCB

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