domingo, 21 de julho de 2013

Nuno Lobo Antunes in “Em Nome do Pai”

(… ) A ideia que tenho de mim não envelhece. A minha pele perde lisura. O meu tronco não se dobra com a agilidade de outros tempos, os cabelos desistem e vão tombando, e com eles a vaidade que nada tem que a sustente. Mas o invólucro que me cobre é mera roupagem, porque o protagonista da história que se prolonga do nascimento à morte mantém-se intacto, indiferente ao passar dos anos, como acontece quando sonhamos.

Nuno Lobo Antunes in “Em Nome do Pai”

Keith Richards - All I Have To Do Is Dream


   Tão intimista... é linda esta  versão .  

António Lobo Antunes in “Em Nome do Pai”



(… ) A ideia que tenho de mim não envelhece. A minha pele perde lisura. O meu tronco não se dobra com a agilidade de outros tempos, os cabelos desistem e vão tombando, e com eles a vaidade que nada tem que a sustente. Mas o invólucro que me cobre é mera roupagem, porque o protagonista da história que se prolonga do nascimento à morte mantém-se intacto, indiferente ao passar dos anos, como acontece quando sonhamos.

António Lobo Antunes in “Em Nome do Pai”

The Blues Brothers - Aretha Franklin- "Think"

domingo, 14 de julho de 2013

Gato Fedorento - Não me apetece trabalhar

Algo Estranho Acontece - António Zambujo (ao vivo no Toca e Foge)


Letra e música de Pedro Silva Martins   para  a voz de António Zambujo


Algo Estranho Acontece

O nosso amor chega sempre ao fim
Tu velhinha com o teu ar ruim
E eu velhinho a sair porta fora
Mas de amanhã algo estranho acontece
Tu gaiata vens da catequese
E eu gaiato a correr da escola
Mesmo evitando tudo se repete
O encontrão, a queda, e a dor no pé que
O teu sorriso sempre me consola

No nosso amor tudo continua
O primeiro beijo e a luz da lua
O casamento e o sol de janeiro
Vem a Joana, a Clara e o Martim
Surge a pituxa, a laica e o bobi
E uma ruga a espreitar ao espelho
Com a artrite, a hérnia e a muleta
Tu confundes o nome da neta
E eu não sei onde pus o dinheiro

O nosso amor chega sempre aqui
Ao instante de eu olhar pra ti
Com ar de cordeirinho penitente
Mas nem te lembras bem o que é que eu fiz
E eu com isto também me esqueci
Mas contigo sinto-me contente
Penduro o sobretudo no cabide
Visto o pijama e junto-me a ti de
Sorriso meigo e atrevidamente

Ao teu pé frio, encosto o meu quentinho
E adormecendo lá digo baixinho
Eu vivia tudo novamente


Pedro Silva Martins

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Feldenkrais Class 2 by Baby Liv: Crawling


  Again, natural movement...



Actually, at that age, a child's skull is incredibly soft and as capable of withstanding the support of the floor. The firmer contact is what enables her movement capacity.(irenelyon)



This is a montage of a little baby named Liv doing what babies do during their first year of life.

It is the second video we've produced. Be sure to visit the first clip:http://youtu.be/D9Ko7U1pLlg

In this second clip titled "crawling", we highlight the importance of a child learning movement from the orientation of them being on the front side of their body.

It is from this orientation to their environment that the motion of crawling begins.

We show how using curiosity, exploration and a variety of movement possibilities is an innate part of learning from the beginning, and this highlights key learning principles within The Feldenkrais Method

This has been compiled from a year of footage taken in Whistler, BC. Visit www.thenext25years.com for more information on the project.

Produced by Irene Lyon (formerly Gutteridge)
Directed by Irene Lyon and Jenn Strom
Camera, Writing and Editing by Jenn Strom
Original Music by David Picking

VENDE FRANGO-SE.wmv- Cássia Kiss interpreta a crónica de Martha Medeiros ,"VENDE FRANGO-SE"




VENDE FRANGO-SE

Alguém encontrou esta pérola escrita numa placa em frente a um mercadinho de um morro do Rio: "Vende frango-se". É poesia? Piada? Apenas mais um erro de português? É a vida e ela é inventiva. Eu, que estou sempre correndo atrás de algum assunto para comentar, pensei: isto dá samba, dá letra, dá crônica. Vende frango-se, compra casa-se, conserta sapato-se.

Prefiro isso aos "q tc cmg?" espalhados pelo mundo virtual, prefiro a ingenuidade de um comerciante se comunicando do jeito que sabe, é o "beija eu" dele, o "que vim aqui casa?" de tantos.


Vende carne-se, vende carro-se, vende geléia-se. Não incentivo a ignorância, apenas concedo um olhar mais adocicado ao que é estranho a tanta gente, o nosso idioma. Tão poucos estudam, tão poucos lêem, queremos o quê? Ao menos trabalham, negociam, vendem frangos, ao menos alguns compram e comem e os dias seguem, não importa a localização do sujeito indeterminado. Vive-se.

Talvez eu tenha é ficado agradecida por este senhor ou senhora que anunciou-se de forma errônea, porém inocente, já que é do meu feitio também trocar algumas coisas de lugar, e nem por isso mereço chicotadas, ao contrário: o comerciante do morro me incentivou a me perdoar. Esquecer o nome de um conhecido, não reconhecer uma voz ao telefone, chamar Gustavos de Olavos, confundir os verbos e embaralhar-se toda para falar: sou a rainha das gafes, dos tropeços involuntários. Tento transformar em folclore, já que falta de educação não é. Conserta destrambelhada-se. Eu me ofereço pro serviço. Quem não? Sabemos todos como é constrangedor não acertar, mas lá do alto do seu boteco, ele nos absolve. Ele, o autor de um absurdo, mas um absurdo muito delicado.


Vende frango-se, e eu acho graça é uma coisa boa, sinal de que ainda não estamos tão secos, rudes e patrulheiros, ainda temos grandeza para promover o erro alheio a uma inesperada recriação da gramática, fica eleito o dono da placa o Guimarães Rosa do morro, vale o que está escrito, e do jeito que está escrito, uma vez que entender, todos entenderam. Fica aqui minha homenagem à imperfeição.


Martha Medeiros