sábado, 25 de janeiro de 2020

Fazia-se silêncio


“O Congresso do CDS começou com um momento in memoriam em honra do fundador do CDS, Diogo Freitas do Amaral. No 28.º Congresso do CDS, a decorrer esta sábado e domingo em Aveiro, os militantes foram convidados a honrar o ex-ministro português que morreu a 3 de Outubro de 2019. No entanto, o minuto de silêncio não foi geral, já que os presentes estavam a entrar no pavilhão, sem se aperceberem do momento que se cumpria, conversando uns com os outros.
Luís Queiró, presidente da mesa do Congresso, pediu ainda que se lembrassem dos centristas históricos Carlos Alberto Rodrigues e Ivone Fonseca.”

A fotografia de Freitas do Amaral estava... pendurada.

A revista Sábado chama a este momento “um minuto de (quase) silêncio”, o que não é o mesmo que (quase) um minuto de silêncio…ou será?
Dúvida parva. Foi uma (quase) homenagem, claro.
E o que é isso? É uma encenação, um faz de conta que está na moda.
E o que é que significa? Significa, por exemplo, que o silêncio tem hoje muito pouco valor, é até incómodo; o que é importante é fazer barulho, sobretudo quando se pede silêncio.

Neste tipo de espectáculos de competição e festivaleiros, o ruído para pedir silêncio dá a impressão de que o que se quer é calma, quietude, mas na verdade o que se pretendeu foi despachar uma tarefa, adiantar serviço enquanto o que realmente importa não começa. Há agitação natural, encontros, conversas, as pessoas não estão acomodadas, encaixadas, a sala não está ainda cheia, não é possível dar início à ordem de trabalhos e às intervenções orais. Se o pedido de silêncio gera ainda mais barulho, só aparentemente é ineficaz, provavelmente a algazarra foi conveniente, uma descompressão antes da luta que será renhida.
Há tanto para falar que não faz sentido interromper discussões tão importantes para pedir silêncio por gente que já  não está viva. Seria mesmo uma falta de respeito pelos presentes. Assim fazem-se minutos de (quase) silêncio. Formalidade que engana, preenche o tempo que de outra forma seria inútil, até prejudicaria o início rápido da sessão.
Neste caso, o de hoje, usou-se então a imagem e a memória de quem já morreu.
Na verdade houve um abuso sob a forma de homenagem. Daí o Quase que é pior, muito pior do que NADA. 

A hipocrisia parece cada vez mais forte, mas perdeu subtileza, tornou-se descarada, despudorada. Já não precisa sequer de ser inteligente.

Vivemos, porque deixamos que isso aconteça, no mundo do vale tudo: qualquer coisa serve, qualquer coisa passa.

Para quem é bacalhau basta, hão-de pensar. E se ladrarem? A caravana passa de qualquer maneira.


LCB

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Sam & Dave- Hold On, I'm Coming (Live 1966, Stax & Volt tour)

"I saw these guys for two dollars in 1968, three years after I paid 1.75 to see the rolling stones."

"it's a blessing when a performance like this is filmed."

Pois é . Às vezes a internet dá-nos presentes espantosos.

sábado, 18 de janeiro de 2020

David Byrne- Nothing but flowers


 Afinal há tempos atrás e há tempos à frente e talvez os últimos não sejam os primeiros....
 Interpretação brilhante de uma canção cuja cujas palavras são  ironia fina.  



Here we stand
Like an Adam and an Eve
Waterfalls
The Garden of Eden
Two fools in love
So beautiful and strong
The birds in the trees
Are smiling upon them
From the age of the dinosaurs
Cars have run on gasoline
Where, where have they gone?
Now, it's nothing but flowers

There was a factory
Now there are mountains and rivers
You got it, you got it

We caught a rattlesnake
Now we got something for dinner
We got it, we got it

There was a shopping mall
Now it's all covered with flowers
You've got it, you've got it

If this is paradise
I wish I had a lawnmower
You've got it, you've got it



Years ago
I was an angry young man
And I'd pretend
That I was a billboard
Standing tall
By the side of the road
I fell in love
With a beautiful highway
This used to be real estate
Now it's only


The highways and cars
Were sacrificed for agriculture
I thought that we'd start over
But I guess I was wrong

Once there were parking lots
Now it's a peaceful oasis
You've got it, you've got it

This was a Pizza Hut
Now it's all covered with daisies
You got it, you got it

I miss the honky tonks,
Dairy Queens, and 7-Elevens
You got it, you got it

And as things fell apart
Nobody paid much attention
You got it, you got it

I dream of cherry pies,
Candy bars, and chocolate chip cookies
You got it, you got it

We used to microwave
Now we just eat nuts and berries
You got it, you got it

This was a discount store,
Now it's turned into a cornfield
You've got it, you've got it

Don't leave me stranded here
I can't get used to this lifestyle



Songwriters: David Byrne, Chris Frantz, Jerry Harrison, Tina Weymouth




sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Bach Cantata- Peter Ustinov

Cantiga sua, partindo‑se ( Sec XV)



Senhora, partem tam tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns* por ninguém.



Tam tristes, tam saudosos,
tam doentes da partida,
tam cansados, tam chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tam tristes os tristes,
tam fora d’esperar bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns* por ninguém.



Joam Ruiz de Castello-Branco

* no original o "u" tem um til (~) por cima.