Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o
que não é palavra. Quando essa não-palavra – a entrelinha – morde a isca, alguma coisa
se escreveu. Uma vez que se pescou a entrelinha, poder-se-ia com alívio jogar a palavra
fora. Mas aí cessa a analogia: a não-palavra, ao morder a isca, incorporou-a. O que salva
então é escrever distraidamente.
(LISPECTOR, 1980, p. 21; 1984, p. 120)
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