Era uma vez um macaco que era uma espécie de pega porque roubava coisas e que era uma espécie de cuco porque punha as coisas roubadas na casa dos outros e que era uma espécie de Cupido porque forjava enredos amorosos. E era uma vez umas termas cheias de velhos muito velhos.
Assim o macaco roubou umas fraldas cheias de chichi a uma velha e foi escondê-las no quarto de uma velha sem uma perna e sem outras coisas. Espalhou-se o boato de que os velhos tinham um caso e de que tinham tido uma aventura.
O macaco fazia isto com toda a gente, sem deixar ninguém de fora, por muito estropiado e desajeitado que estivesse.
Assim o macaco encarregou-se da animação cultural das termas pois não há animação cultural sem animação amorosa.
E os velhos andavam radiantes, pois se não tinham o proveito tinham a fama.
(In: Obra. Lisboa: Mariposa Azual, 2000, p. 297)
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