domingo, 25 de julho de 2021

Manias!



O mundo é velha cena ensanguentada,
Coberta de remendos, picaresca;
A vida é chula farsa assobiada,
Ou selvagem tragédia romanesca.

Eu sei um bom rapaz, -- hoje uma ossada, --
Que amava certa dama pedantesca,
Perversíssima, esquálida e chagada,
Mas cheia de jactância quixotesca.

Aos domingos a deia já rugosa,
Concedia-lhe o braço, com preguiça,
E o dengue, em atitude receosa,

Na sujeição canina mais submissa,
Levava na tremente mão nervosa,
O livro com que a amante ia ouvir missa!
  Cesário Verde  
 ( 1855-1886)

  Morreu  aos 31 anos com tuberculose , assim como os seus dois irmãos.

  ( quantas pessoas terão morrido tísicas…? Quantas famílias devastadas?
O meu pai, enquanto médico,foi director de um sanatório.)

   Saber disto faz -me pensar  no movimento  que contraria a necessidade e utilidade da vacinação contra o covid . 
 A BCG , que para alguns entendidos não é uma boa vacina, é dada aos bebés, agora sem carácter obrigatório dada a baixa incidência de tuberculose e meningite tuberculosa ( parece - esta palavra dá erro ortográfico , mas acho que não estou a inventar …É que me sinto tão inundada , quase afogada por este tema que nem tenho paciência para ser mais rigorosa e específica nas pesquisas.)
Em Portugal as únicas vacinas obrigatórias são a do tétano e difteria .
Quem quiser saber mais , pode consultar o Plano Nacional de Vacinação .
De resto quero, mais do que dizer, afirmar por escrito que sou a favor da vacinação obrigatória sempre que a saúde pública seja ameaçada e prejudicada como está a acontecer com o Coronavirus.
A liberdade individual é um valor, um princípio  conquistado com o esforço de muita gente, durante muitos anos. Mas não é um direito absoluto. Nunca será e deve ceder quando estiver em causa , como agora, a saúde e a vida de tantas pessoas em todo o mundo.
Encontrei o meu boletim de vacinas . Sem a vacina do tétano não poderia ter entrado na universidade. Nunca questionei a imposição, nem conheço quem o tenha feito. Foi preciso esta pandemia para indagar o porquê de tal atitude e ficar contente por não o ter feito. Apesar da ignorância e falta de consciência, era ainda o tempo em que se confiava na ciência e  o médico de família era da família, porque a conhecia. 
Pode dizer- se que a informação era escassa, mas agora a informação é excessiva. 
Eu não sou da ciência.
No entanto, como qualquer ser humano, sou da política. E é política e consciente  a minha atitude agora: sou contra a imposição das minorias e a intolerância dos chamados tolerantes. Sou contra o individualismo histérico  e irracional  e a sede de protagonismo vigentes. Rejeito toda a tentativa de propaganda socialmente correcta. 
 Na realidade “ engrupir” nunca fez o meu género.
( Faz- se tarde.)





Enfim, estraguei um poema tão bonito como irónico e até sarcástico deste grande poeta português que se diz ter sido o percursor da moderna poesia de Portugal. 
Resolvi, de vez em quando, se me apetecer, escrever algumas notas que poderei mais tarde desenvolver, ou não. Como quase ninguém aqui faz comentários, mas tenho conhecimento de que algumas pessoas lêem ou vêem e ouvem o que aqui publico (muito obrigada!), coisa fascinante da internet e da globalização,  deixo cá a explicação, não vá pensarem que ensandeci ( o que, diga- se a verdade, é, neste contexto, absolutamente irrelevante.)
Aliás já tenho feito um bocadinho isso mesmo: o blogue serve- me de caderno de apontamentos.
LCB

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