Esta vida tem de tudo. Escrevo sobre o que vejo, o que sinto, o que me interessa, sobretudo se e quando me apetecer. Se me lembrar, posso até contar a história do sobretudo que perdi num dia em que estava mesmo na lua...
segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
Herman José - Filipa Vasconcelos e as Bananas no Tal Canal (1983)
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
segunda-feira, dezembro 30, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Bom ANO Novo!,
Herman José,
HUMOR,
Margarida Carpinteiro
domingo, 22 de dezembro de 2019
Ouvido Na TV
"Aos 98 anos, o Duque de Edimburgo, ostenta o titulo de membro da família real britânica com maior longevidade."
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
domingo, dezembro 22, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
sábado, 21 de dezembro de 2019
***FELIZ NATAL ***
These are difficult tmes . We all need cookies, a lot of cookies and much more moments of joy and hapiness .
!!**Merry Christmas **!!
A Christmas Pageant in Sesame Street- Prairie Dawn production
(Open the curtain:)
!!**Merry Christmas **!!
A Christmas Pageant in Sesame Street- Prairie Dawn production
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, dezembro 21, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Dean Martin & Caterina Valente - One Note Samba
Just love it
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, dezembro 21, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Caterine Valente,
Dean Martin,
Música
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
Não estou pensando em nada
Não estou pensando em nada
E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o Verão quente do dia.
Não estou pensando em nada, e que bom!
Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
O fluxo e o refluxo da vida...
Não estou pensando em nada.
É como se me tivesse encostado mal.
Uma dor nas costas, ou num lado das costas.
Há um amargo de boca na minha alma:
É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada...
Álvaro de Campos
( heterónimo de Fernando Pessoa )
E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o Verão quente do dia.
Não estou pensando em nada, e que bom!
Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
O fluxo e o refluxo da vida...
Não estou pensando em nada.
É como se me tivesse encostado mal.
Uma dor nas costas, ou num lado das costas.
Há um amargo de boca na minha alma:
É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada...
Álvaro de Campos
( heterónimo de Fernando Pessoa )
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
quinta-feira, dezembro 19, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Álvaro de Campos,
FERNANDO PESSOA,
Poesia
segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
Buddy Guy & John Mayer - Feels Like Rain
Speaks to my soul...Priceless.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
segunda-feira, dezembro 16, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Blues,
Buddy Guy,
Cover,
Jonh Mayer,
Música
The Temptations- Papa Was A Rolling Stone 1972
Há sempre quem queira dançar
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
segunda-feira, dezembro 16, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Música,
The Temptations
A Charlie Brown Christmas
Quando as festas chegam ... não fuja.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
segunda-feira, dezembro 16, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Charlie Brown,
HUMOR,
NATAL,
PSICOLOGIA
domingo, 15 de dezembro de 2019
Chico Buarque - Cotidiano
"-A música é da época da ditadura. Então, se bem interpretada, você pode ver que esta moça é o estado. :)
-Eu acho que a capacidade de compor de Chico Buarque, com a mensagem "encriptada" era fantástica, você não concorda?
-Pois é, se houve política ou não na intenção dessa música... eu não sei. Mas que é uma óptima música para um casado insatisfeito,com certeza é.
-Porque a monogamia é sufocante. Essa música é sobre a insatisfação da existência. É só isso a vida? Era supostamente para ele estar feliz, tá casado com alguém que ama, mas não é suficiente. Há buscas maiores no ser.
-O " cotidiano" é uma Maravilha para quem tem olhos,boca,ouvidos e sentidos de poeta.
-Muito interessantes as observações. Mas acho que (todo dia ELA faz tudo igual me sacode às 6 da manhã e fala que está esperando para o jantar. E dar lhe um beijo com sabor de café) de facto é uma mulher. Nesse período as cidades dormiam. Não havia internet para ficarmos aqui às 3 da madruga discutindo o óbvio."
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
domingo, dezembro 15, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Brasil,
Chico Buarque,
Música
sábado, 14 de dezembro de 2019
Patti Smith - Everybody Hurts (R.E.M. cover)
When we feel the beautiful...
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, dezembro 14, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Cover,
Patti Smith,
R:E:M:
Elliott Smith-"Let's Get Lost"
' Bora
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, dezembro 14, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Elliott Smith,
Música
Jacob Collier feat. Maro - LUA
Vou me embora
Ver a lua
Ver a noite a passar
Ate o sol nascer
Diz me que vens para me ver
Diz me que vens para ficar
Já não sei se espero por ti
Se estou a sonhar.
Ver a lua
Ver a noite a passar
Ate o sol nascer
Diz me que vens para me ver
Diz me que vens para ficar
Já não sei se espero por ti
Se estou a sonhar.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, dezembro 14, 2019
1 comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
sábado, 7 de dezembro de 2019
Serge Reggiani - Enivrez-vous ( Charles Baudelaire)
Enivrez-vous
Il faut être toujours ivre. Tout est là : c'est l'unique question. Pour ne pas sentir l'horrible fardeau du Temps qui brise vos épaules et vous penche vers la terre, il faut vous enivrer sans trêve.
Mais de quoi ? De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise. Mais enivrez-vous.
Et si quelquefois, sur les marches d'un palais, sur l'herbe verte d'un fossé, dans la solitude morne de votre chambre, vous vous réveillez, l'ivresse déjà diminuée ou disparue, demandez au vent, à la vague, à l'étoile, à l'oiseau, à l'horloge, à tout ce qui fuit, à tout ce qui gémit, à tout ce qui roule, à tout ce qui chante, à tout ce qui parle, demandez quelle heure il est ; et le vent, la vague, l'étoile, l'oiseau, l'horloge, vous répondront : « Il est l'heure de s'enivrer ! Pour n'être pas les esclaves martyrisés du Temps, enivrez-vous sans cesse ! De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise. »
Charles Baudelaire - Le Spleen de Paris, XXXIII
*translation in English and German on youtube*
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, dezembro 07, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Charles Baudelaire,
Poesia,
Serge Reggiani
Ahmad Jamal - Poinciana - Olympia Paris - LIVE
That's how I feel it: a good groove warms up body and mind and keeps the spirit alive..
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, dezembro 07, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Ahmad Jamal,
Jazz,
Música,
piano
Lizz Wright - Singing in My Soul
Yes , she does it
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, dezembro 07, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Lizz Wright,
Música
George Benson - The Ghetto
It's friday.
Do you wanna dance?
Do you wanna dance?
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, dezembro 07, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Cover,
Don Hathaway,
George Benson,
Joe Sample,
Música
segunda-feira, 2 de dezembro de 2019
Salada - "Crime Perfeito"
E depois de tanto tempo estou aqui neste lugar....que pinta!
Zé Nabo - guitarra
Zé Carrapa - guitarra
Guilherme Inês - bateria
Zé da Ponte - baixo
Quico - Teclas
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
segunda-feira, dezembro 02, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Música,
música portuguesa,
Salada,
Zé Nabo
terça-feira, 26 de novembro de 2019
Candid Camera TV Episode - Woody Allen Dictates a Letter
!!!!!
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
terça-feira, novembro 26, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
HUMOR,
Televisão,
Woody Allen
segunda-feira, 25 de novembro de 2019
Camille Yarbrough - Take Yo' Praise
Beautiful
Just love the way they move.
(fat boy slim remix )
Just love the way they move.
(fat boy slim remix )
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
segunda-feira, novembro 25, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Camille Yarbrough,
Cover,
Dança,
Expressão Corporal,
fat boy slim,
Funk,
MOVIMENTO,
Música,
Remix
domingo, 24 de novembro de 2019
Sesame Street:Bert & Ernie- Dance Myself to Sleep
Let's sleep ?
Have a nice week.
Have a nice week.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
domingo, novembro 24, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Bert & Ernie,
Educação,
Sesame Street
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
Michael Kiwanuka - Love & Hate
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sexta-feira, novembro 22, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Michael Kiwanuka,
Música
sábado, 9 de novembro de 2019
Rodrigo Rebelo de Andrade, "Fado Franklim (sextilhas)" - "Eu queria cantar-te um fado"
Canta com tanto sentimento.....
Eu queria cantar-te um fado
Que toda a gente ao ouvi-lo
Visse que o fado era teu.
Fado estranho e magoado,
Mas que pudesses senti-lo
Tão na alma como eu.
E seria tão diferente
Que ao ouvi-lo toda a gente
Dissesse quem o cantava.
Quem o escreveu não importa
Que eu andei de porta em porta
Para ver se te encontrava.
Eu hei-de por nalguns versos
O fado que é dos teus olhos
O fado da tua voz.
Nossos fados são diversos
Tu tens um fado eu tenho outro
Triste fado temos nós.
António de Sousa Freitas
Eu queria cantar-te um fado
Que toda a gente ao ouvi-lo
Visse que o fado era teu.
Fado estranho e magoado,
Mas que pudesses senti-lo
Tão na alma como eu.
E seria tão diferente
Que ao ouvi-lo toda a gente
Dissesse quem o cantava.
Quem o escreveu não importa
Que eu andei de porta em porta
Para ver se te encontrava.
Eu hei-de por nalguns versos
O fado que é dos teus olhos
O fado da tua voz.
Nossos fados são diversos
Tu tens um fado eu tenho outro
Triste fado temos nós.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, novembro 09, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
FADO,
Música,
música portuguesa,
Rodrigo Rebelo de Andrade
The Pan Within (In A Special Place) - The Waterboys
loose your head, and let it spin
Swing your hips
loose you head, and let it spin
And we will look together
for the Pan within
Swing your hips
loose you head, and let it spin
And we will look together
for the Pan within
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, novembro 09, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
The Waterboys
David Lynch: Where do ideas come from?
Sometimes we can see what we are hearing and simile ... Well , it's just an idea.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, novembro 09, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
David Lynch,
Filosofia,
HUMOR,
Opinião
sexta-feira, 8 de novembro de 2019
Yo-Yo Ma, ,Aoife O'Donovan, Stuart Duncan, Edgar Meyer, Chris Thile,- Here and Heaven (In-Studio Video)
And it's fall not winter spring not summer cool not cold
And it's warm not hot has everyone forgotten that we're getting old
And it's fall not winter spring not summer cool not cold
And it's warm not hot have we all forgotten that we're getting old
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sexta-feira, novembro 08, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Aoife O'Donovan,
Chris Thile,
Edgar Meyer,
Música,
Stuart Duncan,
Yo-Yo Ma
quarta-feira, 6 de novembro de 2019
Squatting to sit on a chair with Alfons Grabber
It's always the butt .
Easy, funny , wonderful
Easy, funny , wonderful
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
quarta-feira, novembro 06, 2019
2
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Alfons Grabber,
Exercício físico,
FELDENKRAIS,
MOVIMENTO
segunda-feira, 4 de novembro de 2019
Cafe Accordion Orchestra - L'Indifference ( Gilbert Becaud/ Maurice Vidalin)
Les mauvais coups, les lâchetés
Quelle importance
Laisse-moi te dire
Laisse-moi te dire et te redire ce que tu sais
Ce qui détruit le monde c'est
L'indifférence
Elle a rompu et corrompu
Même l'enfance
Un homme marche
Un homme marche, tombe, crève dans la rue
Eh bien personne ne l'a vu
L'indifférence
L'indifférence
Elle te tue à petits coups
L'indifférence
Tu es l'agneau, elle est le loup
L'indifférence
Un peu de haine, un peu d'amour
Mais quelque chose
L'indifférence
Chez toi tu n'es qu'un inconnu
L'indifférence
Tes enfants ne te parlent plus
L'indifférence
Tes vieux n'écoutent même plus
Quand tu leur causes
Vous vous aimez et vous avez
Un lit qui danse
Mais elle guette
Elle vous guette et joue au chat à la souris
Mon jour viendra qu'elle se dit
L'indifférence
L'indifférence
Elle te tue à petits coups
L'indifférence
Tu es l'agneau, elle est le loup
L'indifférence
Un peu de haine, un peu d'amour
Mais quelque chose
L'indifférence
Tu es cocu et tu t'en fous
L'indifférence
Elle fait ses petits dans la boue
L'indifférence
Y a plus de haine, y a plus d'amour
Y a plus grand-chose
L'indifférence
Avant qu'on en soit tous crevés
D'indifférence
Je voudrai la voir crucifier
L'indifférence
Qu'elle serait belle écartelée
L'indifférence
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
segunda-feira, novembro 04, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Cafe Accordion Orchestra,
Cover,
Gilbert Becaud,
Maurice Vidalin,
Música,
Poesia
Amy Secada & Neguin in Central Park, NYC | YAK FILMS
Freedom, power, musicality , rhythm
The art of movement
*Breaking, Capoeira, Sabar (Senegalese African Dance) *
The art of movement
*Breaking, Capoeira, Sabar (Senegalese African Dance) *
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
segunda-feira, novembro 04, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Amy Secada,
Dança,
Expressão Corporal,
MOVIMENTO,
Neguin,
Ritmo
terça-feira, 22 de outubro de 2019
Minas Não! Vida Sim! nem no Soajo, nem em lugar algum
Em luta contra o Mau Ambiente.
"Em que é que a exploração de lítio é diferente da de feldspato? Em nada. Trata-se de uma pedreira, onde se faz o desmonte de pedra e uma parcela dessa pedra é minério de lítio"( Ministro do Ambiente)
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
terça-feira, outubro 22, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Ambiente,
Documentário,
Fernando Antunes Amaral,
Não á exploração do Lítio,
Natureza,
Opinião,
Políticas,
Portugal,
sobretudo,
Sociedade
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
The Rolling Stones - Time Is On My Side
Go ahead baby, do anything your heart desires
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
quarta-feira, outubro 16, 2019
1 comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Brian Jones,
Música,
The Rolling Stones
Solo quiero Caminar ( Paco de Lucia)
"cada vez que se te escucha se para el tiempo."
(Versión Chano Domingo & Jorge Pardo)
(Versión Chano Domingo & Jorge Pardo)
Piano: Julio Martín
Voz: Olga Diaz
Cajón: Manu Pinzón
Contrabajo: Alex Vocking
Coros: Pilar McCarthy
Palmas: Tim Panman & Alessio Rooders
Flauta: Clara Gallardo
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
quarta-feira, outubro 16, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Alex Vocking,
Chano Domingo,
Clara Gallardo,
Jorge Pardo,
Julio Martín,
Manu Pinzón,
Música,
Olga Diaz,
Paco de Lucía,
Pilar McCarthy,
Tim Panman & Alessio Rooders
sexta-feira, 11 de outubro de 2019
Ambientalmente -Filósofo Pop
Ver esta publicação no InstagramUma publicação partilhada por Filósofo Pop (@filosofopop) a
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sexta-feira, outubro 11, 2019
1 comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Crítica Social,
Filósofo Pop,
HUMOR,
Opinião
domingo, 6 de outubro de 2019
António Zambujo - "Beijos de fogo"
Muito bonito.
(Hoje, muitos portugueses beijaram a boca das urnas sem paixão. Não há fumo nem há chama, já vem sendo habitual.
A boca das urnas é cada vez mais suja e mais feia mas, ainda assim, lá mais um beijinho.....
A normalidade do politicamente correcto é, mais do que inútil, prejudicial.
O direito a votar está a tornar-se um cliché. E assim a democracia portuguesa.
Não, nem tudo isto é fado.
LCB )
Silêncio nem uma pena
Quero a minha alma serena
Sem soluços na cidade
Sequei meus olhos chorados
Pus no peito cadeados
P'ra não entrar a saudade
Numa atitude mais louca
Pousei sobre minha boca
Rosas fogo de quem ama
P'ra se me vencer a fome
De querer gritar teu nome
Meus lábios fiquem em chama
Mas a noite é um segredo
Confesso que tenho medo
E ao mesmo tempo desejos
De ouvir silêncios rasgados
De quebrar os cadeados
De te queimar com meus beijos
Mario Rainho / Georgino De Sousa (Fado Georgino)
Silence is not a shame
I want my soul serene
No hiccups in town
I dried my eyes crying
Pus chest padlocks
I can not miss it.
In a crazier attitude
I landed on my mouth
Roses fire of who loves
If I get beat up with hunger
To want to shout your name
My lips are on fire.
But night is a secret.
I confess that I'm afraid
And at the same time wishes
To hear ripped silences
Of breaking the padlocks
Burn with my kisses
(Hoje, muitos portugueses beijaram a boca das urnas sem paixão. Não há fumo nem há chama, já vem sendo habitual.
A boca das urnas é cada vez mais suja e mais feia mas, ainda assim, lá mais um beijinho.....
A normalidade do politicamente correcto é, mais do que inútil, prejudicial.
O direito a votar está a tornar-se um cliché. E assim a democracia portuguesa.
Não, nem tudo isto é fado.
LCB )
Silêncio nem uma pena
Quero a minha alma serena
Sem soluços na cidade
Sequei meus olhos chorados
Pus no peito cadeados
P'ra não entrar a saudade
Numa atitude mais louca
Pousei sobre minha boca
Rosas fogo de quem ama
P'ra se me vencer a fome
De querer gritar teu nome
Meus lábios fiquem em chama
Mas a noite é um segredo
Confesso que tenho medo
E ao mesmo tempo desejos
De ouvir silêncios rasgados
De quebrar os cadeados
De te queimar com meus beijos
Mario Rainho / Georgino De Sousa (Fado Georgino)
Silence is not a shame
I want my soul serene
No hiccups in town
I dried my eyes crying
Pus chest padlocks
I can not miss it.
In a crazier attitude
I landed on my mouth
Roses fire of who loves
If I get beat up with hunger
To want to shout your name
My lips are on fire.
But night is a secret.
I confess that I'm afraid
And at the same time wishes
To hear ripped silences
Of breaking the padlocks
Burn with my kisses
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
domingo, outubro 06, 2019
3
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
António Zambujo,
da Lua sobre ...,
eleições legislativas,
FADO,
Música,
música portuguesa,
Opinião
sexta-feira, 13 de setembro de 2019
Declaração de intençoes : amor em Dó maior .- Aldina Duarte
Pode nem se gostar de fado, mas é inegável a Alma da interpretação, o sentimento e o sentido do filme .
Passa o tempo e não apaga
A memória que a semente
Guarda da mão que a plantou
Quem diz que o amor se acaba
Ou quer esconder o que sente
Ou nunca na vida amou
Eu tive um amor tão grande
Que quando o perdi, não nego
Já não quis amar ninguém
E, por mais que a razão mande
Meu coração ficou cego
Aos encantos de quem vem
Quem nunca esconde o que sente
Vai contar hoje essa história
De um amor que não vingou
Passa o tempo, e a semente
Guarda consigo a memória
Da mão que um dia a plantou
Quem nunca esconde o que sente
Não pode esquecer a história
Passa o tempo e não apaga
A memória que a semente
Guarda da mão que a plantou
Quem diz que o amor se acaba
Ou quer esconder o que sente
Ou nunca na vida amou
Eu tive um amor tão grande
Que quando o perdi, não nego
Já não quis amar ninguém
E, por mais que a razão mande
Meu coração ficou cego
Aos encantos de quem vem
Quem nunca esconde o que sente
Vai contar hoje essa história
De um amor que não vingou
Passa o tempo, e a semente
Guarda consigo a memória
Da mão que um dia a plantou
Quem nunca esconde o que sente
Não pode esquecer a história
Maria do Rosário Pedreira
*Filmado em várias aldeias portuguesas
*Filmado em várias aldeias portuguesas
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sexta-feira, setembro 13, 2019
3
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Aldina Duarte,
FADO,
música portuguesa
quarta-feira, 11 de setembro de 2019
Vinicius de Moraes , Maria Creuza, Toquinho - Tomara (gavado na La Fusa -Buenos Aires)
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
quarta-feira, setembro 11, 2019
1 comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Brasil,
Maria Creuza,
Música,
Toquinho,
Vinicius de Moraes
Lello Minsk Manuel João Vieira ) & Shegundo Galarza - "Deixa lá falar"( Maria de Fátima Bravo)
deixa lá dizer a quem diz .... Eu digo: esta interpretação é belíssima.
Letra/musica João Nobre/Nóbrega e Sousa
Letra/musica João Nobre/Nóbrega e Sousa
Com orquestração do maestro Shegundo Galarza, o terceiro projecto de estúdio de Manuel João Vieira, (artista plastico e eterno candidato à Presidência da República) é um conjunto de canções nostálgicas de antigamente, vestidas com novas abordagens poéticas , numa roupagem jazz e outras melodias de cariz romântico. [...São músicas da noite, com mais ou menos glamour; outras vezes de cabarets fumarentos, bafientos, de casinos de meia tigela. São músicas sérias, animadas por um piano e uma percussão latino-americana.
A verão original por, Maria de Fátima Bravo, é notável.
A verão original por, Maria de Fátima Bravo, é notável.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
quarta-feira, setembro 11, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Cover,
Lello Minsl,
Manuel João Vieira,
Maria de Fátima Bravo,
Música,
música portuguesa
Sílvia Pérez Cruz & Javier Colina Trio- En la Imaginacion
Hoy estoy pensando que tal vez existas.
Está de fiesta la imaginación,
desesperada sensación de ti.
Quién serás, que así me invitas a amar,
quién serás, que me has podido dejar
en mi locura, mientras se me escapa
tu posible visión,
y sospecho que tú,
que tú eres nadie,
que está de fiesta la imaginación.
Está de fiesta la imaginación,
desesperada sensación de ti.
Quién serás, que así me invitas a amar,
quién serás, que me has podido dejar
en mi locura, mientras se me escapa
tu posible visión,
y sospecho que tú,
que tú eres nadie,
que está de fiesta la imaginación.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
quarta-feira, setembro 11, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Javier Colina,
Música,
Silvia Perez Cruz
My Eyes Adored You - Frankie Valli
So close, so close and yet so far
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
quarta-feira, setembro 11, 2019
3
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Frankie Valli,
Música
DV8 Physical Theatre - The Cost of Living
Just love it
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
quarta-feira, setembro 11, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Cher,
Dança,
DV8 Physical Theatre,
Espressão Corporal,
MOVIMENTO,
Ritmo
domingo, 8 de setembro de 2019
Questões de Fé
José Tolentino Mendonça :- A "fé dos simples"/ José Saramago: "O que me vale, caro Tolentino, é que já não há fogueiras em São Domingos!"
25.10.2009 às 22h12
https://expresso.pt/actualidade/jose-saramago-o-que-me-vale-caro-tolentino-e-que-ja-nao-ha-fogueiras-em-sao-domingos=f543404?fbclid=IwAR3VZWKr2UQevb-OB45ON8SzWV31mrvhD-lfWcAtddYytewJzihKnpqyU5w
Em torno do livro "Caim", o Expresso juntou José Saramago e o teólogo católico José Tolentino de Mendonça. Um, de 87 anos, Nobel da Literatura, "ateu empedrenido", como gosta de se apresentar. Outro, de 43, sacerdote e poeta, professor da Universidade Católica. O frente-a-frente foi vivo e aceso.
JOSÉ PEDRO CASTANHEIRA (WWW.EXPRESSO.PT)
José Saramago (JS) - Eu chamei "livro dos disparates" não à Bíblia, mas a um versículo de uma carta aos hebreus, que está na contracapa e que também serve de epígrafe ao livro. Em toda a Bíblia, depois do assassinato de Abel, não se volta a falar de Caim. Não se sabe porquê, nessa carta aos hebreus há uma referência a Caim e que é completamente absurda e que me permiti chamar-lhe disparate. "Pela fé" - só estas duas palavras dariam para uma larga discussão. "Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor do que o de Caim. Por causa da sua fé, Deus considerou-o seu amigo, etc..". Há alguém capaz de me explicar, em termos racionais e humanos, para que a gente entenda, o que isto quer dizer? É absolutamente incrível!
José Tolentino de Mendonça (JTM)- A tradição, durante séculos, colocou-a no interior das cartas paulinas. Sabe-se, agora, que é de um autor posterior a São Paulo, embora seja um texto do Novo Testamento e com uma teologia admirável.
JS - A teologia admirável atreveu-se a dizer coisas tão impossíveis de aceitar como afirmar que Deus considerou Abel seu amigo. O que é isto? Estamos a jogar com as palavras? Como é que sabemos isso? Quem é que registou? Quando? Como? Onde? Abel e Caim sacrificaram a Deus o que tinham. O pobre Caim, se me permitem que chame pobre a um assassino, ofereceu também o que tinha. Deus desprezou o sacrifício de Caim. Aí, começa tudo: o ciúme nasceu aí, o rancor, a incompreensão, porque Caim não percebe que Deus o rejeite. Isto é um disparate lógico, o que me leva a dizer que este texto faria boa figura num livro de disparates. Mas não chamo à Bíblia um livro de disparates.
JTM - Não encaro esta conversa como um duelo ou sequer como um confronto. Este é um território onde a humildade é extraordinariamente necessária. No fundo, o não-crente e o crente têm ambos as mãos vazias, ainda que de forma diferente. Ambos são buscadores, procuradores. A fé nasce de uma interrogação, de uma abertura à revelação de Deus e do irmão. Tenho o maior apreço pela pessoa de José Saramago e pelo seu trabalho. Um grande criador é um dom extraordinário. E todos, de alguma forma, somos devedores a essa arte humaníssima, artesanal, extraordinariamente solitária e funda, que é a arte de um contador de histórias, de um escritor. Tenho o maior respeito, também, pelo interesse que José Saramago manifesta pelo texto bíblico. É, sem dúvida, dos autores portugueses, dos que mais se interessa, mais convive e mais procura o texto bíblico. Às vezes de uma forma consciente, num confronto e numa luta corpo-a-corpo, como no caso do "Evangelho Segundo Jesus Cristo", ou, agora, em "Caim", onde há luta forte com o texto bíblico. Outras vezes de forma implícita. E às vezes num certo tom, no seu português maravilhoso e inesquecível, que até tem um tom e uma respiração bíblicas, no sentido de um certo tom cosmogónico que, por vezes, a sua narrativa tem.
Há duas coisas que é preciso distinguir. Uma, é a obra literária, que agora foi lançada; outra, é o hipertexto: aquelas declarações de José Saramago em Penafiel, no lançamento do livro, e que acabaram por criar um acontecimento mediático. Sobre isso, algumas pessoas da Igreja e de outras confissões religiosas manifestaram-se, com toda a legitimidade, porque vivemos numa sociedade aberta e de liberdade. São leituras de uma declaração muito virulenta de José Saramago em relação à Bíblia e ao fenómeno religioso. Foi uma declaração nada consensual, e por isso são mais que expectáveis as reacções. Atacar a Bíblia desta maneira, tratá-la como uma coisa que podemos dispensar, e as palavras, com a gravidade com que foram ditas, é alguma coisa que nos enche de perplexidade. Porque a Bíblia é um livro de fé. É inegável que ao longo de séculos tem sido uma fonte de bem, uma fonte de ânimo na aventura humana e uma fonte de criatividade espantosa. A Bíblia é também um grande código da nossa civilização. Claro que podemos criticar esse código, mas um grande homem de cultura, mesmo agnóstico ou ateu, por amor a Bach, por amor a Mozart, a John Steinbeck, a O'Connor, a Faulkner, a Ruy Belo, a Maria Gabriela Llansol, a José Saramago, tem de ter este livro em sua casa.
JS - Eu não preciso de ter, porque em minha casa tenho sete ou oito exemplares. Desde uma Bíblia espanhola do século XVII ou XVIII, até uma Bíblia que me foi oferecida numa Feira do Livro, há três ou quatro anos, em português corrente. Até posso estar de acordo consigo quando diz que na minha prosa e estilo há uma ressonância, uma música que pode ser relacionado com a música, o ritmo, o sentido da pausa, o sentido expositivo, que se encontra na Bíblia. Não nego. Outra das minhas grandes influências, já o disse, é o padre António Vieira, cujos sermões li e reli - algumas vezes terei treslido... Mas acho que terá sido necessário um grande esforço para converter a Bíblia num livro de fé.
JTM - Mas a Bíblia é uma biblioteca. Tem muitos livros. Acha que foi difícil tornar um livro de fé o livro do profeta Isaías?
JS - Não! Como não acho impossível o livro de Job.
JTM - Ou os Salmos. Ou os Livros da Sabedoria ou das Origens.
JS - Tudo isso é certo. Mas ponha-se agora, por um ou dois minutos, no meu lugar. Tomar o Caim como personagem central de uma história não tem nada de gratuito. A questão do Caim é uma velha questão que eu tenho com a Bíblia.
JTM - Mas leu alguns comentários sobre a figura de Caim? Para mim, como exegeta, um dos textos mais admiráveis sobre Caim é o texto de Paul Ricoeur, que faz uma interpretação que, penso, o próprio Saramago achará extraordinária. Ele lê o episódio de Abel e Caim como a história e a construção da fraternidade. O Génesis é uma meditação sapiencial sobre a condição humana. O que são, afinal, os mitos? São meditações sobre a vida. Os autores bíblicos são contadores de histórias, que repassam a vida com um olhar crente, se quisermos. Depois da Bíblia, a fraternidade já não está dependente dos laços do sangue, mas de uma decisão ética. Eu não sou irmão do outro simplesmente porque sou do seu sangue; sou irmão dele se escolher ser seu irmão.
JS - Isso é forçar um pouco as histórias... O que teria acontecido se Deus tivesse aceite o sacrifício de Caim, como aceitou o de Abel? Porque é que Deus recusou o sacrifício de Caim? Esta pergunta não tem resposta.
JTM - As grandes experiências humanas são experiências de escolha com a qual temos de lidar. Veja: porque ama a Pilar e não uma outra mulher?
JS - Eu cá sei!
JTM - Sabe, mas o amor é um lugar sem resposta, sem lógica.
JS - A literatura e a lógica não são incompatíveis!
JTM - Não são incompatíveis, mas não é uma lógica matemática.
JS - É absurdo que Deus tenha recusado o sacrifício de Caim. Não há palavras, não há exegeses ou leituras simbólicas que o justifiquem. Temos aí um obstáculo sério: é que não podemos fazer perguntas aos redactores da Bíblia. Gostaria de saber quais eram as intenções do autor.
JTM - Mas há um sentido imanente no texto.
JS - A Bíblia está traduzida em quase todas as línguas.
JTM - Mas a exegese é feita sobre os textos originais. Eu trabalho sobre o hebraico e sobre o grego.
JS - Textos originais sobre os quais eu não sei nada.
JTM - Não sabe porque não tem investigado.
JS - Não! Simplesmente porque a minha vida é outra.
JTM - Todo o texto bíblico tem em si um densidade inesgotável. É um livro que nunca se acaba de ler. Depois de mil leituras, o texto vence sempre. Este texto é muito importante. Como a carta aos hebreus, que acho injusto que lhe chame "livro dos disparates".
JS - Tenha paciência: eu não lhe chamei isso. O que eu digo, e repito, é que este texto concreto, tal como está redigido, merecia ser incluído num livro dos disparates universais. Esta frase, qualquer pessoa achará que é uma frase completamente disparatada.
JTM - Mas a fé é um paradoxo. Eu não diria um disparate. Querer tratar Deus com lógica é chegar a um beco sem saída.
JS - Então se o beco não tem saída, voltemos para trás.
JTM - Mas acha que pode entender a condição humana eliminando o paradoxo?
JS - Não, não.
JTM - Acha que as grandes emoções, as grandes janelas interiores que o homem traz se justificam apenas pela lógica?
JS - Mas os meus livros estão cheios disso. A questão é que eu não escrevi nenhum livro sagrado! Esse é o problema.
JTM - Sabe que numa sociedade secularizada o José Saramago é uma espécie de referência sagrada. Um homem que vende 200 mil exemplares e tem uma cobertura global... Hoje, o sagrado tem outras formas. E, no fundo, a sua pretensão é também uma pretensão sagrada.
JS - É possível. Aliás, uma das minhas frases preferidas é que "para fazer um ateu como eu, é necessário um altíssimo grau de religiosidade".
JTM - Sem dúvida!
JS - Como é uma frase minha, o que o teólogo Juan José Tamayo escreveu recentemente no diário "El País": "Deus é o silêncio do universo, e o homem o grito que dá sentido a esse silêncio". Eu não sou o tipo de ateu ferrabrás, armado de um chuço para deitar abaixo aquilo que eu não posso deitar abaixo, que é a crença, a fé, na qual eu não toco - na condição que não façam afirmações tão ilógicas como esta.
JTM - Mas podíamos tirar qualquer afirmação de um dos seus livros e colocá-la no livro dos paradoxos universais.
JS - Não me importaria nada. Mas ficaria muito desgostoso se incluíssem uma frase minha no livro dos disparates. A Igreja insiste em que há que fazer uma leitura simbólica dos textos bíblicos. Os crentes e leitores da Bíblia estão instruídos, educados, treinados, manipulados para aceitar aquilo que...
JTM - Porque diz manipulados?
JS - Porque é assim. A palavra é essa. Quer outra palavra? Eu dou-lha.
JTM - É muito importante perceber que os cristãos são criados por liberdade, por amor à liberdade.
JS - À liberdade? Mas o que é que a história da Igreja, e do catolicismo em particular, tem que ver com a liberdade?
JTM - Tem tudo a ver com a liberdade.
JS - Ai sim? Curioso!
JTM - Foi para a liberdade que Cristo nos libertou, afirmou um homem como Paulo de Tarso.
JS - Deixe Cristo em paz!
JTM - Mas esse é o seu erro de base. Deixe-me falar, para voltar à história de Caim e Abel. A Bíblia, precisamente para ilustrar a liberdade, coloca a escolha dos filhos mais novos - Abel, mas também uma galeria imensa de filhos mais novos, que são os preferidos em relação ao poder estabelecido socialmente pelo mais velho. Todo o direito e a lei estão do lado do mais velho. E, contudo, Deus escolhe o mais pequeno. Deus escolhe o último, a vítima, aquele que não tem voz nem vez, o que não é protagonista da História, para ser protagonista de uma história. Tudo isto é uma convulsão social. A Bíblia é um texto inquieto. Se escrutarmos a Bíblia a partir de um raciocínio lógico, claro que vamos encontrar imensos nós cegos, coisas sem resposta. Mas a nossa vida é assim. A história de Abel e Caim é a história desta inquietação sem resposta que a experiência do mal e do bem é na nossa vida. Não é verdade que na Bíblia nunca mais se volte a falar de Abel. Jesus identifica-se muito com a figura de Abel. A Bíblia identifica-se com a figura daqueles que na história são as vítimas. Por isso, dizer que a Bíblia é uma espécie de livro que reúne toda a crueldade do mundo, é dizer uma coisa ao lado do que verdadeiramente é. No seu espírito profundo, a Bíblia é um manual de liberdade, um livro de perguntas. Por muito que lhe custe, José Saramago, quero dizer-lhe que o cristianismo é uma aventura de liberdade.
JS - A mim, o que me vale, meu caro Tolentino, é que já não há fogueiras em São Domingos.
JTM - Não vamos falar das fogueiras, porque infelizmente o fumo das fogueiras enche a história de todos os tempos. Nós estamos aqui, dois homens, a falar no século XXI. E é com a verdade do que vivemos e fazemos que nos temos de encontrar. Aqueles que pensam que são isentos do mal é que me metem medo!
JS - O cristianismo uma aventura de liberdade!? Dizer isso com os albigenses, as cruzadas, o santo ofício, as masmorras da inquisição, as fogueiras a arder e tudo isso...
JTM - Esquece que no tempo da Inquisição havia santos. Nos tempos dos albigenses e das masmorras não deixou o cristianismo de ser uma história de liberdade e humanidade. Você tem uma visão parcial do cristianismo!
JS - Não tenho.
JTM - Como leu o facto do papa João Paulo II ter pedido perdão...
JS - Não sou leitor do papa João Paulo II!
JTM - Não, mas soube, concerteza. Não pode escapar a esta questão. Porque lhe custa reconhecer que um Papa pode ter um gesto humanamente admirável? Porque lhe custa? Não cai do pedestal.
JS - Pontualmente não me custará nada reconhecer algo que de bom, de perfeito, de belo, Papa A, B, C ou D tenha feito.
JTM - Mas então diga o que achou do Papa João Paulo II ter pedido perdão pelos crimes e erros do passado, feitos em nome do cristianismo e da fé? O que acha desse gesto?
JS - Até agora, que eu saiba, deixaram no rol do esquecimento, por exemplo, uma figura como o Giordano Bruno. Porquê? Perdoou mais ou menos a Galileu. Mas Giordano Bruno foi levado à fogueira com um pedaço de madeira fixado na boca.
JTM - Mas o Giordano Bruno era um crente!
JS - É isso que a Igreja não suporta: quer crentes, sim, mas disciplinados.
JTM - Não é verdade. Dentro do Cristianismo, há muitos cristianismos.
JS - O rebanho que vai a Fátima é o que a Igreja quer!
JTM - Não sejamos generalistas, porque entre os milhares de pessoas que vão a Fátima há-de haver quem vá com um espírito de sinceridade e liberdade que nós nunca teremos. Não julguemos!
JS - Não perca tempo a dizer isso, porque eu sei que isso é assim, e respeito a crença e a fé.
JTM - A fé dos simples.
JS - Eu não toco nisso. O meu objectivo é outro: a Igreja como instituição de domínio, como poder, como castradora de algumas das virtudes naturais do homem.
JTM - Mas essa é uma posição, um olhar demasiado ideológico. A igreja não é assim!
JS - Mas porquê demasiado ideológico? Eu sou o único que tem ideologia? Você não tem?
JTM - Tenho! Tenho a ideologia e a pretensão cristã.
JS - Então por que se fala da minha?
JTM - Eu não o acuso de dominador ou de senhor do mundo.
JS - Mas eu também não o acuso a si. Mas posso acusar a instituição a que pertence.
JTM - Mas em que bases?
JS - A história do papado é algo de terrível, de simplesmente tenebroso. E você sabe-o perfeitamente.
JTM - O terrível da história, a experiência do mal e da ferida, está em todas as vidas. Não há nenhuma isenta. Não há vidas e instituições que não tenham sombra. Essa ideia que é preciso um manipulador por trás para se entender a Bíblia é uma ideia peregrina.
JS - Quando o manipulador não está imediatamente por trás, está um pouco mais atrás e mais atrás - mas está lá. Garanto que está.
JTM - Mas donde lhe vem essa desconfiança?
JS - Da história, da realidade, dos factos. Não lhe parece que vivemos numa sociedade altamente manipulada?
JTM - Eu acho que sim e que um espaço de liberdade é precisamente a complexidade dos textos fundadores, entre os quais se conta a Bíblia, que é um manifesto contra esta sociedade da manipulação.
JS - Mas ajudou muito.
JTM - As ajudas podem ser involuntárias. Não podemos culpar a Bíblia das leituras erróneas.
JS - Mas que ideia é a vossa de que eu culpo a Bíblia!?
JTM - São palavras suas! Voltou a ler as palavras que disse em Penafiel?
JS - Eu tenho um livro na mão, e é um livro cheio de violência, de carnificinas, incestos. Um manual de...
JTM - Mas toda a literatura é isso. Podemos dizer isso das obras completas de Shakespeare, ou das obras completas de Saramago.
JS - E o que é que eu resolvo com essa justificação?
JTM - A vida é literatura e a Bíblia usa aquilo que é próprio da literatura para fazer uma leitura crente da condição humana. Porque poucos lugares há, para além da literatura, capazes de espelhar a condição humana na sua inteireza. A Bíblia não é um código de direito, nem um livro de lógica.
JS - Mas foi-o. E sem esquecer o Deuterónimo!
JTM - Eu não percebo esse seu... Há um poema da Adília Lopes que dia que "a literatura não é um ajuste de contas, é um ajuste de cantos".
JS - Desculpe: esse verso é muito interessante, mas é um simples jogo de palavras.
JTM - Acha que a poesia é um simples jogo de palavras?
JS - Não torça aquilo que eu disse.
JTM - Estes versos são só um jogo de palavras?
JS - Não lhe permito que tire essa conclusão. O dístico que acabou de citar é um jogo de palavras. Que nós, escritores, fazemos muito, e muitas vezes com a má consciência de que não significa grande coisa, mas que soa bem e é bonito. Há pouco, disse que Deus está do lado da vítima. Efectivamente, Abel é uma vítima do irmão. E Caim, não é vítima de ninguém?
JTM - Todos somos vítimas.
JS - Que nós, simples humanos, sejamos vítimas e carrascos uns dos outros, muito bem. Agora, que Caim seja vítima de Deus, não há lógica no mundo, nem exegese, que o justifique.
JTM - Porque diz que Caim é vítima de Deus e não compreende que é uma leitura sapiencial que o livro do Génesis faz?
JS - O que é isso de uma leitura sapiencial?
JTM - A Bíblia é um teatro de Deus, uma reflexão sobre Deus.
JS - Um teatro de Deus? O que é que vocês sabem de Deus?
JTM - Nós sabemos de Deus o que Jesus de Nazaré nos revelou acerca de Deus!
JS - Não misturemos alhos com bugalhos. Não vale a pena! Repare nisto: antes da criação do universo, Deus, que se saiba, não fez nada. Não consta. Chegou um momento em que, não se sabe nem porquê nem para quê, decide formar o universo.
JTM - O mistério aflige-o sempre...
JS - Limito-me a verificar. Construiu um universo. Coisa que, durante muito tempo, pareceu relativamente fácil, mas a partir de Darwin já não é tão fácil - e com as novas descobertas científicas... Depois, ao sétimo dia, descansou e continuou a descansar até hoje - não teve mais participação.
JTM - Não é a opinião de milhões de seres humanos ao longo de gerações. Porque não é sensível à experiência que os outros vivem?
JS - Não! Eu, às vezes, digo que deus e o diabo só têm um lugar onde habitar: é na cabeça humana. Não há outro lugar em parte nenhuma do universo onde eles possam estar. Estão na nossa cabeça. Até mesmo na minha cabeça.
JTM - Essa é uma visão sua.
JS - Minha?
JTM - O que é estranho é o seu desejo de excluir a Bíblia, de fazer de contas que ela não existe.
JS - Como pode dizer isso a mim, que escrevi o "Evangelho Segundo Jesus Cristo" e, agora, o "Caim"? Eu sou aquele que diz que, embora seja ateu, estou empapado de valores cristãos.
JTM - Isso é muito bonito - e verdadeiro!
JS - Já o disse e repito-o em qualquer lugar. Mas isso não me impede de fazer juízos críticos sobre a religião.
JTM - No entanto, as suas entrevistas redundam facilmente numa caricatura. O que choca, por vezes, na sua linguagem, é o lado caricatural.
JS - Perdão: vocês merecem, tal como qualquer instituição, serem caricaturados. Vocês não estão acima da caricatura.
JTM - Nós não estamos, nem o José Saramago está.
JS - De acordo.
JTM - Mas é que, hoje, você tem muito mais força...
JS - Que a Igreja Católica?
JTM - Não! Isso não sei se é a sua ambição - mas não é a realidade. É preciso ver que a sua palavra tem uma responsabilidade social e civilizacional.
JS - Assumo-o totalmente.
JTM - Quando um homem de cultura diz que a Bíblia é um livro de crueldade, penso que isto, em termos civilizacionais, é um erro.
JS - É a sua opinião, não é a minha.
JTM - É um erro porque põe em xeque algumas das obras mais belas e extraordinárias que a nossa tradição cultural nos legou.
JS - Escute uma coisa: eu nunca neguei que a Bíblia é tudo isso que se diz dela. Claro que é.
JTM - Então diga alguma coisa bela da Bíblia. Fale com o coração!
JS - É quase uma simples questão estatística: milhões de exemplares da Bíblia lidos, estudados, aprendidos, decorados, em todo o mundo.
JTM - Ainda esta semana saiu mais uma tradução da Bíblia para português.
JS - Já tínhamos tantas! Porquê mais uma?
JTM - Dizer isso não parece uma coisa digna de si.
JS - Estou na brincadeira, homem!
JTM - Pois é! Está a ver? É que diz as coisas em tom jocoso, mas elas têm um alcance que não é justo. Você não pode dizer isso!
JS - O que me valeu foi ter escrito este livro donde a jocosidade não está ausente. Já o leu até ao fim?
JTM - Evidentemente que sim.
JS - Até ao dilúvio?
JTM - Até ao dilúvio e até a uma frase terrível com que o livro acaba, que é talvez uma das frases mais terríveis da literatura portuguesa: "A história acabou, não haverá nada mais que contar". Dá muito que pensar deste fecho definitivo da história. O exercício que faz, em si, é mais que legítimo. Mas a grande questão é que aquilo que diz, muitas vezes, é marcado por um exercício de intolerância.
JS - Eu, intolerante? Eu?
JTM - Todos podemos ser intolerantes. O José Saramago porque não pode ser intolerante? Todos podemos ser e todos certamente o somos.
JS - Se lhe quiser chamar radicalismo, aceito. Mas não intolerância. Não sou intolerante.
JTM - Aquelas declarações de Penafiel são declarações de intolerância.
JS - Não são nada!
JTM - Diz o José Saramago. É um manifesto de intolerância do ponto de vista cívico.
JS - Não é certo que o livro está cheio de crueldades? Que não lhe faltam incestos? Que tem isso e muito mais, e carnificinas de todo o tipo?
JTM - E acha que a Bíblia é só isso? Acha que descrevendo isso se descreve o que é a Bíblia? Acha que esquecendo tudo aquilo que a Bíblia é, que é também a sua natureza de milagre, está a ser tolerante? De que parábola é que gosta mais, das que Jesus contou?
JS - Talvez a do semeador. A semente que cai na pedra...
JTM - A Simone Weil dizia que entre dois homens que estão a discutir, um que crê e outro que não crê, o que não crê está mais perto de Deus do que aquele que crê.
JS - Oh diabo! Oh diabo!
JTM - Por isso é que o discurso cristão nunca pode ser um discurso de exclusão. Dizer que o cristianismo é sobretudo uma aventura de liberdade é para levar muito a sério. Ver o cristianismo do ponto de vista do poder, da força, da imposição, é um olhar possível, mas não faz justiça à radicalidade humana que o cristianismo foi semeando. Se quisermos fazer justiça à história, temos que perceber que o cristianismo está do lado dos heterodoxos, dos insubmissos, dos mártires, das vítimas, daqueles que não têm voz.
JS - Mas no que toca a vítimas, o cristianismo contribuiu com uma quota importante, não?
JTM - E chora e arrepende-se de todo o mal que fez.
JS - Desculpe, Tolentino, mas não demos por isso. Aqui, pelo menos, não chegou uma palavra que signifique isso. O que está a dizer são palavras de ouro, mas que provavelmente estão no seu desejo. Você desejaria que assim fosse.
JTM - Há tanta gente a dizer isto!
JS - Meu caro: não me tiram nem sequer um grama ou um átomo da minha raiva contra a instituição chamada igreja católica. Eu não sou nenhum ferrabrás, nem nenhum enviado do demónio. Mas o que merece crítica, pode contar com a minha pessoa. Ao contrário do que diz, eu não sou intolerante. Radical, sim. E a isso não renuncio. É uma atitude muito exigente, moralmente exigente, que me leva a insurgir-me contra o que não me parece bem.
JTM - Eu não digo que o José Saramago é intolerante. Digo que as suas palavras de domingo foram intolerantes, o que é uma coisa diferente. Ninguém está imune à intolerância. Talvez os momentos mais difíceis do cristianismo tenham sido aqueles em que, fechados em nós próprios, achámos que temos a razão, ou que não errámos, ou que estamos costurados no interior de uma certeza. Há palavras nossas que iluminam e outras que enegrecem. A sua postura ética, atitude moral, a sua intransigência, enobrece-nos a todos. É bom que um escritor seja exigente. Isto não significa que nas palavras que proferiu nós não víssemos uma limitação muito grande. E na forma como o seu romance está construído, há também zonas de ambiguidade, a começar pelo "livro dos disparates". A Bíblia é um grande património da humanidade, é um lugar onde todos nos encontramos. Pela primeira vez, todas as componentes da sociedade estão presentes numa grande narrativa literária, porque precisamente a Bíblia não exclui. A Bíblia é um coral de vozes humanas. E por isso é tão importante o papel de Caim - ele é o nosso irmão...
JS - Disse que é um coral, mas, sem querer ser frívolo - que não está nada na minha natureza, porque tomo tudo a sério -, com muitas desafinações.
JTM - Mas as desafinações fazem parte da história humana. É preciso amar a imperfeição!
JS - Não escrevi um livro sobre a Bíblia. Escrevi a partir de um episódio bíblico e construí uma história. Caim não foi um capricho de há uns meses, é algo que sempre me preocupou. A mim, a Bíblia permitiu-me escrever o que não estava dito - embora não tenha sido a primeira pessoa a fazê-lo.
JTM - Dizer isso é fazer um elogio extraordinário à Bíblia.
JS - Para terminar: escrevi, penso, alguns bons livros. No meu estado de espírito presente, considero este o meu melhor livro.
JTM - Tenho a humildade de não concordar. No conjunto da sua obra, este é um exercício, a par dos seus grandes livros.
JS - De exercício não tem nada, meu caro. Tire lá esses óculos e ponha outros, e leia-o como deve ser lido.
JTM - Li o livro com muita atenção e hei-de voltar a ele. Mas é uma narrativa que não tem a grande complexidade nem a invenção romanesca de outros romances. Mas percebo que esteja tremendamente ligado a este livro.
JS - Assim é. Dois homens de boa fé sempre se podem entender.
Versão integral do texto publicado na edição do Expresso de 24 de Outubro de 2009, 1.º Caderno, página 20 e 21.
25.10.2009 às 22h12
https://expresso.pt/actualidade/jose-saramago-o-que-me-vale-caro-tolentino-e-que-ja-nao-ha-fogueiras-em-sao-domingos=f543404?fbclid=IwAR3VZWKr2UQevb-OB45ON8SzWV31mrvhD-lfWcAtddYytewJzihKnpqyU5w
Em torno do livro "Caim", o Expresso juntou José Saramago e o teólogo católico José Tolentino de Mendonça. Um, de 87 anos, Nobel da Literatura, "ateu empedrenido", como gosta de se apresentar. Outro, de 43, sacerdote e poeta, professor da Universidade Católica. O frente-a-frente foi vivo e aceso.
JOSÉ PEDRO CASTANHEIRA (WWW.EXPRESSO.PT)
José Saramago (JS) - Eu chamei "livro dos disparates" não à Bíblia, mas a um versículo de uma carta aos hebreus, que está na contracapa e que também serve de epígrafe ao livro. Em toda a Bíblia, depois do assassinato de Abel, não se volta a falar de Caim. Não se sabe porquê, nessa carta aos hebreus há uma referência a Caim e que é completamente absurda e que me permiti chamar-lhe disparate. "Pela fé" - só estas duas palavras dariam para uma larga discussão. "Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor do que o de Caim. Por causa da sua fé, Deus considerou-o seu amigo, etc..". Há alguém capaz de me explicar, em termos racionais e humanos, para que a gente entenda, o que isto quer dizer? É absolutamente incrível!
José Tolentino de Mendonça (JTM)- A tradição, durante séculos, colocou-a no interior das cartas paulinas. Sabe-se, agora, que é de um autor posterior a São Paulo, embora seja um texto do Novo Testamento e com uma teologia admirável.
JS - A teologia admirável atreveu-se a dizer coisas tão impossíveis de aceitar como afirmar que Deus considerou Abel seu amigo. O que é isto? Estamos a jogar com as palavras? Como é que sabemos isso? Quem é que registou? Quando? Como? Onde? Abel e Caim sacrificaram a Deus o que tinham. O pobre Caim, se me permitem que chame pobre a um assassino, ofereceu também o que tinha. Deus desprezou o sacrifício de Caim. Aí, começa tudo: o ciúme nasceu aí, o rancor, a incompreensão, porque Caim não percebe que Deus o rejeite. Isto é um disparate lógico, o que me leva a dizer que este texto faria boa figura num livro de disparates. Mas não chamo à Bíblia um livro de disparates.
JTM - Não encaro esta conversa como um duelo ou sequer como um confronto. Este é um território onde a humildade é extraordinariamente necessária. No fundo, o não-crente e o crente têm ambos as mãos vazias, ainda que de forma diferente. Ambos são buscadores, procuradores. A fé nasce de uma interrogação, de uma abertura à revelação de Deus e do irmão. Tenho o maior apreço pela pessoa de José Saramago e pelo seu trabalho. Um grande criador é um dom extraordinário. E todos, de alguma forma, somos devedores a essa arte humaníssima, artesanal, extraordinariamente solitária e funda, que é a arte de um contador de histórias, de um escritor. Tenho o maior respeito, também, pelo interesse que José Saramago manifesta pelo texto bíblico. É, sem dúvida, dos autores portugueses, dos que mais se interessa, mais convive e mais procura o texto bíblico. Às vezes de uma forma consciente, num confronto e numa luta corpo-a-corpo, como no caso do "Evangelho Segundo Jesus Cristo", ou, agora, em "Caim", onde há luta forte com o texto bíblico. Outras vezes de forma implícita. E às vezes num certo tom, no seu português maravilhoso e inesquecível, que até tem um tom e uma respiração bíblicas, no sentido de um certo tom cosmogónico que, por vezes, a sua narrativa tem.
Há duas coisas que é preciso distinguir. Uma, é a obra literária, que agora foi lançada; outra, é o hipertexto: aquelas declarações de José Saramago em Penafiel, no lançamento do livro, e que acabaram por criar um acontecimento mediático. Sobre isso, algumas pessoas da Igreja e de outras confissões religiosas manifestaram-se, com toda a legitimidade, porque vivemos numa sociedade aberta e de liberdade. São leituras de uma declaração muito virulenta de José Saramago em relação à Bíblia e ao fenómeno religioso. Foi uma declaração nada consensual, e por isso são mais que expectáveis as reacções. Atacar a Bíblia desta maneira, tratá-la como uma coisa que podemos dispensar, e as palavras, com a gravidade com que foram ditas, é alguma coisa que nos enche de perplexidade. Porque a Bíblia é um livro de fé. É inegável que ao longo de séculos tem sido uma fonte de bem, uma fonte de ânimo na aventura humana e uma fonte de criatividade espantosa. A Bíblia é também um grande código da nossa civilização. Claro que podemos criticar esse código, mas um grande homem de cultura, mesmo agnóstico ou ateu, por amor a Bach, por amor a Mozart, a John Steinbeck, a O'Connor, a Faulkner, a Ruy Belo, a Maria Gabriela Llansol, a José Saramago, tem de ter este livro em sua casa.
JS - Eu não preciso de ter, porque em minha casa tenho sete ou oito exemplares. Desde uma Bíblia espanhola do século XVII ou XVIII, até uma Bíblia que me foi oferecida numa Feira do Livro, há três ou quatro anos, em português corrente. Até posso estar de acordo consigo quando diz que na minha prosa e estilo há uma ressonância, uma música que pode ser relacionado com a música, o ritmo, o sentido da pausa, o sentido expositivo, que se encontra na Bíblia. Não nego. Outra das minhas grandes influências, já o disse, é o padre António Vieira, cujos sermões li e reli - algumas vezes terei treslido... Mas acho que terá sido necessário um grande esforço para converter a Bíblia num livro de fé.
JTM - Mas a Bíblia é uma biblioteca. Tem muitos livros. Acha que foi difícil tornar um livro de fé o livro do profeta Isaías?
JS - Não! Como não acho impossível o livro de Job.
JTM - Ou os Salmos. Ou os Livros da Sabedoria ou das Origens.
JS - Tudo isso é certo. Mas ponha-se agora, por um ou dois minutos, no meu lugar. Tomar o Caim como personagem central de uma história não tem nada de gratuito. A questão do Caim é uma velha questão que eu tenho com a Bíblia.
JTM - Mas leu alguns comentários sobre a figura de Caim? Para mim, como exegeta, um dos textos mais admiráveis sobre Caim é o texto de Paul Ricoeur, que faz uma interpretação que, penso, o próprio Saramago achará extraordinária. Ele lê o episódio de Abel e Caim como a história e a construção da fraternidade. O Génesis é uma meditação sapiencial sobre a condição humana. O que são, afinal, os mitos? São meditações sobre a vida. Os autores bíblicos são contadores de histórias, que repassam a vida com um olhar crente, se quisermos. Depois da Bíblia, a fraternidade já não está dependente dos laços do sangue, mas de uma decisão ética. Eu não sou irmão do outro simplesmente porque sou do seu sangue; sou irmão dele se escolher ser seu irmão.
JS - Isso é forçar um pouco as histórias... O que teria acontecido se Deus tivesse aceite o sacrifício de Caim, como aceitou o de Abel? Porque é que Deus recusou o sacrifício de Caim? Esta pergunta não tem resposta.
JTM - As grandes experiências humanas são experiências de escolha com a qual temos de lidar. Veja: porque ama a Pilar e não uma outra mulher?
JS - Eu cá sei!
JTM - Sabe, mas o amor é um lugar sem resposta, sem lógica.
JS - A literatura e a lógica não são incompatíveis!
JTM - Não são incompatíveis, mas não é uma lógica matemática.
JS - É absurdo que Deus tenha recusado o sacrifício de Caim. Não há palavras, não há exegeses ou leituras simbólicas que o justifiquem. Temos aí um obstáculo sério: é que não podemos fazer perguntas aos redactores da Bíblia. Gostaria de saber quais eram as intenções do autor.
JTM - Mas há um sentido imanente no texto.
JS - A Bíblia está traduzida em quase todas as línguas.
JTM - Mas a exegese é feita sobre os textos originais. Eu trabalho sobre o hebraico e sobre o grego.
JS - Textos originais sobre os quais eu não sei nada.
JTM - Não sabe porque não tem investigado.
JS - Não! Simplesmente porque a minha vida é outra.
JTM - Todo o texto bíblico tem em si um densidade inesgotável. É um livro que nunca se acaba de ler. Depois de mil leituras, o texto vence sempre. Este texto é muito importante. Como a carta aos hebreus, que acho injusto que lhe chame "livro dos disparates".
JS - Tenha paciência: eu não lhe chamei isso. O que eu digo, e repito, é que este texto concreto, tal como está redigido, merecia ser incluído num livro dos disparates universais. Esta frase, qualquer pessoa achará que é uma frase completamente disparatada.
JTM - Mas a fé é um paradoxo. Eu não diria um disparate. Querer tratar Deus com lógica é chegar a um beco sem saída.
JS - Então se o beco não tem saída, voltemos para trás.
JTM - Mas acha que pode entender a condição humana eliminando o paradoxo?
JS - Não, não.
JTM - Acha que as grandes emoções, as grandes janelas interiores que o homem traz se justificam apenas pela lógica?
JS - Mas os meus livros estão cheios disso. A questão é que eu não escrevi nenhum livro sagrado! Esse é o problema.
JTM - Sabe que numa sociedade secularizada o José Saramago é uma espécie de referência sagrada. Um homem que vende 200 mil exemplares e tem uma cobertura global... Hoje, o sagrado tem outras formas. E, no fundo, a sua pretensão é também uma pretensão sagrada.
JS - É possível. Aliás, uma das minhas frases preferidas é que "para fazer um ateu como eu, é necessário um altíssimo grau de religiosidade".
JTM - Sem dúvida!
JS - Como é uma frase minha, o que o teólogo Juan José Tamayo escreveu recentemente no diário "El País": "Deus é o silêncio do universo, e o homem o grito que dá sentido a esse silêncio". Eu não sou o tipo de ateu ferrabrás, armado de um chuço para deitar abaixo aquilo que eu não posso deitar abaixo, que é a crença, a fé, na qual eu não toco - na condição que não façam afirmações tão ilógicas como esta.
JTM - Mas podíamos tirar qualquer afirmação de um dos seus livros e colocá-la no livro dos paradoxos universais.
JS - Não me importaria nada. Mas ficaria muito desgostoso se incluíssem uma frase minha no livro dos disparates. A Igreja insiste em que há que fazer uma leitura simbólica dos textos bíblicos. Os crentes e leitores da Bíblia estão instruídos, educados, treinados, manipulados para aceitar aquilo que...
JTM - Porque diz manipulados?
JS - Porque é assim. A palavra é essa. Quer outra palavra? Eu dou-lha.
JTM - É muito importante perceber que os cristãos são criados por liberdade, por amor à liberdade.
JS - À liberdade? Mas o que é que a história da Igreja, e do catolicismo em particular, tem que ver com a liberdade?
JTM - Tem tudo a ver com a liberdade.
JS - Ai sim? Curioso!
JTM - Foi para a liberdade que Cristo nos libertou, afirmou um homem como Paulo de Tarso.
JS - Deixe Cristo em paz!
JTM - Mas esse é o seu erro de base. Deixe-me falar, para voltar à história de Caim e Abel. A Bíblia, precisamente para ilustrar a liberdade, coloca a escolha dos filhos mais novos - Abel, mas também uma galeria imensa de filhos mais novos, que são os preferidos em relação ao poder estabelecido socialmente pelo mais velho. Todo o direito e a lei estão do lado do mais velho. E, contudo, Deus escolhe o mais pequeno. Deus escolhe o último, a vítima, aquele que não tem voz nem vez, o que não é protagonista da História, para ser protagonista de uma história. Tudo isto é uma convulsão social. A Bíblia é um texto inquieto. Se escrutarmos a Bíblia a partir de um raciocínio lógico, claro que vamos encontrar imensos nós cegos, coisas sem resposta. Mas a nossa vida é assim. A história de Abel e Caim é a história desta inquietação sem resposta que a experiência do mal e do bem é na nossa vida. Não é verdade que na Bíblia nunca mais se volte a falar de Abel. Jesus identifica-se muito com a figura de Abel. A Bíblia identifica-se com a figura daqueles que na história são as vítimas. Por isso, dizer que a Bíblia é uma espécie de livro que reúne toda a crueldade do mundo, é dizer uma coisa ao lado do que verdadeiramente é. No seu espírito profundo, a Bíblia é um manual de liberdade, um livro de perguntas. Por muito que lhe custe, José Saramago, quero dizer-lhe que o cristianismo é uma aventura de liberdade.
JS - A mim, o que me vale, meu caro Tolentino, é que já não há fogueiras em São Domingos.
JTM - Não vamos falar das fogueiras, porque infelizmente o fumo das fogueiras enche a história de todos os tempos. Nós estamos aqui, dois homens, a falar no século XXI. E é com a verdade do que vivemos e fazemos que nos temos de encontrar. Aqueles que pensam que são isentos do mal é que me metem medo!
JS - O cristianismo uma aventura de liberdade!? Dizer isso com os albigenses, as cruzadas, o santo ofício, as masmorras da inquisição, as fogueiras a arder e tudo isso...
JTM - Esquece que no tempo da Inquisição havia santos. Nos tempos dos albigenses e das masmorras não deixou o cristianismo de ser uma história de liberdade e humanidade. Você tem uma visão parcial do cristianismo!
JS - Não tenho.
JTM - Como leu o facto do papa João Paulo II ter pedido perdão...
JS - Não sou leitor do papa João Paulo II!
JTM - Não, mas soube, concerteza. Não pode escapar a esta questão. Porque lhe custa reconhecer que um Papa pode ter um gesto humanamente admirável? Porque lhe custa? Não cai do pedestal.
JS - Pontualmente não me custará nada reconhecer algo que de bom, de perfeito, de belo, Papa A, B, C ou D tenha feito.
JTM - Mas então diga o que achou do Papa João Paulo II ter pedido perdão pelos crimes e erros do passado, feitos em nome do cristianismo e da fé? O que acha desse gesto?
JS - Até agora, que eu saiba, deixaram no rol do esquecimento, por exemplo, uma figura como o Giordano Bruno. Porquê? Perdoou mais ou menos a Galileu. Mas Giordano Bruno foi levado à fogueira com um pedaço de madeira fixado na boca.
JTM - Mas o Giordano Bruno era um crente!
JS - É isso que a Igreja não suporta: quer crentes, sim, mas disciplinados.
JTM - Não é verdade. Dentro do Cristianismo, há muitos cristianismos.
JS - O rebanho que vai a Fátima é o que a Igreja quer!
JTM - Não sejamos generalistas, porque entre os milhares de pessoas que vão a Fátima há-de haver quem vá com um espírito de sinceridade e liberdade que nós nunca teremos. Não julguemos!
JS - Não perca tempo a dizer isso, porque eu sei que isso é assim, e respeito a crença e a fé.
JTM - A fé dos simples.
JS - Eu não toco nisso. O meu objectivo é outro: a Igreja como instituição de domínio, como poder, como castradora de algumas das virtudes naturais do homem.
JTM - Mas essa é uma posição, um olhar demasiado ideológico. A igreja não é assim!
JS - Mas porquê demasiado ideológico? Eu sou o único que tem ideologia? Você não tem?
JTM - Tenho! Tenho a ideologia e a pretensão cristã.
JS - Então por que se fala da minha?
JTM - Eu não o acuso de dominador ou de senhor do mundo.
JS - Mas eu também não o acuso a si. Mas posso acusar a instituição a que pertence.
JTM - Mas em que bases?
JS - A história do papado é algo de terrível, de simplesmente tenebroso. E você sabe-o perfeitamente.
JTM - O terrível da história, a experiência do mal e da ferida, está em todas as vidas. Não há nenhuma isenta. Não há vidas e instituições que não tenham sombra. Essa ideia que é preciso um manipulador por trás para se entender a Bíblia é uma ideia peregrina.
JS - Quando o manipulador não está imediatamente por trás, está um pouco mais atrás e mais atrás - mas está lá. Garanto que está.
JTM - Mas donde lhe vem essa desconfiança?
JS - Da história, da realidade, dos factos. Não lhe parece que vivemos numa sociedade altamente manipulada?
JTM - Eu acho que sim e que um espaço de liberdade é precisamente a complexidade dos textos fundadores, entre os quais se conta a Bíblia, que é um manifesto contra esta sociedade da manipulação.
JS - Mas ajudou muito.
JTM - As ajudas podem ser involuntárias. Não podemos culpar a Bíblia das leituras erróneas.
JS - Mas que ideia é a vossa de que eu culpo a Bíblia!?
JTM - São palavras suas! Voltou a ler as palavras que disse em Penafiel?
JS - Eu tenho um livro na mão, e é um livro cheio de violência, de carnificinas, incestos. Um manual de...
JTM - Mas toda a literatura é isso. Podemos dizer isso das obras completas de Shakespeare, ou das obras completas de Saramago.
JS - E o que é que eu resolvo com essa justificação?
JTM - A vida é literatura e a Bíblia usa aquilo que é próprio da literatura para fazer uma leitura crente da condição humana. Porque poucos lugares há, para além da literatura, capazes de espelhar a condição humana na sua inteireza. A Bíblia não é um código de direito, nem um livro de lógica.
JS - Mas foi-o. E sem esquecer o Deuterónimo!
JTM - Eu não percebo esse seu... Há um poema da Adília Lopes que dia que "a literatura não é um ajuste de contas, é um ajuste de cantos".
JS - Desculpe: esse verso é muito interessante, mas é um simples jogo de palavras.
JTM - Acha que a poesia é um simples jogo de palavras?
JS - Não torça aquilo que eu disse.
JTM - Estes versos são só um jogo de palavras?
JS - Não lhe permito que tire essa conclusão. O dístico que acabou de citar é um jogo de palavras. Que nós, escritores, fazemos muito, e muitas vezes com a má consciência de que não significa grande coisa, mas que soa bem e é bonito. Há pouco, disse que Deus está do lado da vítima. Efectivamente, Abel é uma vítima do irmão. E Caim, não é vítima de ninguém?
JTM - Todos somos vítimas.
JS - Que nós, simples humanos, sejamos vítimas e carrascos uns dos outros, muito bem. Agora, que Caim seja vítima de Deus, não há lógica no mundo, nem exegese, que o justifique.
JTM - Porque diz que Caim é vítima de Deus e não compreende que é uma leitura sapiencial que o livro do Génesis faz?
JS - O que é isso de uma leitura sapiencial?
JTM - A Bíblia é um teatro de Deus, uma reflexão sobre Deus.
JS - Um teatro de Deus? O que é que vocês sabem de Deus?
JTM - Nós sabemos de Deus o que Jesus de Nazaré nos revelou acerca de Deus!
JS - Não misturemos alhos com bugalhos. Não vale a pena! Repare nisto: antes da criação do universo, Deus, que se saiba, não fez nada. Não consta. Chegou um momento em que, não se sabe nem porquê nem para quê, decide formar o universo.
JTM - O mistério aflige-o sempre...
JS - Limito-me a verificar. Construiu um universo. Coisa que, durante muito tempo, pareceu relativamente fácil, mas a partir de Darwin já não é tão fácil - e com as novas descobertas científicas... Depois, ao sétimo dia, descansou e continuou a descansar até hoje - não teve mais participação.
JTM - Não é a opinião de milhões de seres humanos ao longo de gerações. Porque não é sensível à experiência que os outros vivem?
JS - Não! Eu, às vezes, digo que deus e o diabo só têm um lugar onde habitar: é na cabeça humana. Não há outro lugar em parte nenhuma do universo onde eles possam estar. Estão na nossa cabeça. Até mesmo na minha cabeça.
JTM - Essa é uma visão sua.
JS - Minha?
JTM - O que é estranho é o seu desejo de excluir a Bíblia, de fazer de contas que ela não existe.
JS - Como pode dizer isso a mim, que escrevi o "Evangelho Segundo Jesus Cristo" e, agora, o "Caim"? Eu sou aquele que diz que, embora seja ateu, estou empapado de valores cristãos.
JTM - Isso é muito bonito - e verdadeiro!
JS - Já o disse e repito-o em qualquer lugar. Mas isso não me impede de fazer juízos críticos sobre a religião.
JTM - No entanto, as suas entrevistas redundam facilmente numa caricatura. O que choca, por vezes, na sua linguagem, é o lado caricatural.
JS - Perdão: vocês merecem, tal como qualquer instituição, serem caricaturados. Vocês não estão acima da caricatura.
JTM - Nós não estamos, nem o José Saramago está.
JS - De acordo.
JTM - Mas é que, hoje, você tem muito mais força...
JS - Que a Igreja Católica?
JTM - Não! Isso não sei se é a sua ambição - mas não é a realidade. É preciso ver que a sua palavra tem uma responsabilidade social e civilizacional.
JS - Assumo-o totalmente.
JTM - Quando um homem de cultura diz que a Bíblia é um livro de crueldade, penso que isto, em termos civilizacionais, é um erro.
JS - É a sua opinião, não é a minha.
JTM - É um erro porque põe em xeque algumas das obras mais belas e extraordinárias que a nossa tradição cultural nos legou.
JS - Escute uma coisa: eu nunca neguei que a Bíblia é tudo isso que se diz dela. Claro que é.
JTM - Então diga alguma coisa bela da Bíblia. Fale com o coração!
JS - É quase uma simples questão estatística: milhões de exemplares da Bíblia lidos, estudados, aprendidos, decorados, em todo o mundo.
JTM - Ainda esta semana saiu mais uma tradução da Bíblia para português.
JS - Já tínhamos tantas! Porquê mais uma?
JTM - Dizer isso não parece uma coisa digna de si.
JS - Estou na brincadeira, homem!
JTM - Pois é! Está a ver? É que diz as coisas em tom jocoso, mas elas têm um alcance que não é justo. Você não pode dizer isso!
JS - O que me valeu foi ter escrito este livro donde a jocosidade não está ausente. Já o leu até ao fim?
JTM - Evidentemente que sim.
JS - Até ao dilúvio?
JTM - Até ao dilúvio e até a uma frase terrível com que o livro acaba, que é talvez uma das frases mais terríveis da literatura portuguesa: "A história acabou, não haverá nada mais que contar". Dá muito que pensar deste fecho definitivo da história. O exercício que faz, em si, é mais que legítimo. Mas a grande questão é que aquilo que diz, muitas vezes, é marcado por um exercício de intolerância.
JS - Eu, intolerante? Eu?
JTM - Todos podemos ser intolerantes. O José Saramago porque não pode ser intolerante? Todos podemos ser e todos certamente o somos.
JS - Se lhe quiser chamar radicalismo, aceito. Mas não intolerância. Não sou intolerante.
JTM - Aquelas declarações de Penafiel são declarações de intolerância.
JS - Não são nada!
JTM - Diz o José Saramago. É um manifesto de intolerância do ponto de vista cívico.
JS - Não é certo que o livro está cheio de crueldades? Que não lhe faltam incestos? Que tem isso e muito mais, e carnificinas de todo o tipo?
JTM - E acha que a Bíblia é só isso? Acha que descrevendo isso se descreve o que é a Bíblia? Acha que esquecendo tudo aquilo que a Bíblia é, que é também a sua natureza de milagre, está a ser tolerante? De que parábola é que gosta mais, das que Jesus contou?
JS - Talvez a do semeador. A semente que cai na pedra...
JTM - A Simone Weil dizia que entre dois homens que estão a discutir, um que crê e outro que não crê, o que não crê está mais perto de Deus do que aquele que crê.
JS - Oh diabo! Oh diabo!
JTM - Por isso é que o discurso cristão nunca pode ser um discurso de exclusão. Dizer que o cristianismo é sobretudo uma aventura de liberdade é para levar muito a sério. Ver o cristianismo do ponto de vista do poder, da força, da imposição, é um olhar possível, mas não faz justiça à radicalidade humana que o cristianismo foi semeando. Se quisermos fazer justiça à história, temos que perceber que o cristianismo está do lado dos heterodoxos, dos insubmissos, dos mártires, das vítimas, daqueles que não têm voz.
JS - Mas no que toca a vítimas, o cristianismo contribuiu com uma quota importante, não?
JTM - E chora e arrepende-se de todo o mal que fez.
JS - Desculpe, Tolentino, mas não demos por isso. Aqui, pelo menos, não chegou uma palavra que signifique isso. O que está a dizer são palavras de ouro, mas que provavelmente estão no seu desejo. Você desejaria que assim fosse.
JTM - Há tanta gente a dizer isto!
JS - Meu caro: não me tiram nem sequer um grama ou um átomo da minha raiva contra a instituição chamada igreja católica. Eu não sou nenhum ferrabrás, nem nenhum enviado do demónio. Mas o que merece crítica, pode contar com a minha pessoa. Ao contrário do que diz, eu não sou intolerante. Radical, sim. E a isso não renuncio. É uma atitude muito exigente, moralmente exigente, que me leva a insurgir-me contra o que não me parece bem.
JTM - Eu não digo que o José Saramago é intolerante. Digo que as suas palavras de domingo foram intolerantes, o que é uma coisa diferente. Ninguém está imune à intolerância. Talvez os momentos mais difíceis do cristianismo tenham sido aqueles em que, fechados em nós próprios, achámos que temos a razão, ou que não errámos, ou que estamos costurados no interior de uma certeza. Há palavras nossas que iluminam e outras que enegrecem. A sua postura ética, atitude moral, a sua intransigência, enobrece-nos a todos. É bom que um escritor seja exigente. Isto não significa que nas palavras que proferiu nós não víssemos uma limitação muito grande. E na forma como o seu romance está construído, há também zonas de ambiguidade, a começar pelo "livro dos disparates". A Bíblia é um grande património da humanidade, é um lugar onde todos nos encontramos. Pela primeira vez, todas as componentes da sociedade estão presentes numa grande narrativa literária, porque precisamente a Bíblia não exclui. A Bíblia é um coral de vozes humanas. E por isso é tão importante o papel de Caim - ele é o nosso irmão...
JS - Disse que é um coral, mas, sem querer ser frívolo - que não está nada na minha natureza, porque tomo tudo a sério -, com muitas desafinações.
JTM - Mas as desafinações fazem parte da história humana. É preciso amar a imperfeição!
JS - Não escrevi um livro sobre a Bíblia. Escrevi a partir de um episódio bíblico e construí uma história. Caim não foi um capricho de há uns meses, é algo que sempre me preocupou. A mim, a Bíblia permitiu-me escrever o que não estava dito - embora não tenha sido a primeira pessoa a fazê-lo.
JTM - Dizer isso é fazer um elogio extraordinário à Bíblia.
JS - Para terminar: escrevi, penso, alguns bons livros. No meu estado de espírito presente, considero este o meu melhor livro.
JTM - Tenho a humildade de não concordar. No conjunto da sua obra, este é um exercício, a par dos seus grandes livros.
JS - De exercício não tem nada, meu caro. Tire lá esses óculos e ponha outros, e leia-o como deve ser lido.
JTM - Li o livro com muita atenção e hei-de voltar a ele. Mas é uma narrativa que não tem a grande complexidade nem a invenção romanesca de outros romances. Mas percebo que esteja tremendamente ligado a este livro.
JS - Assim é. Dois homens de boa fé sempre se podem entender.
Versão integral do texto publicado na edição do Expresso de 24 de Outubro de 2009, 1.º Caderno, página 20 e 21.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
domingo, setembro 08, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
. Telogia,
Actualidade,
Filosofia,
José Saramago,
José Tolentino de Mendonça,
Opinião,
Religião
September Song -Bryan Ferry
Beautiful
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
domingo, setembro 08, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Bryan Ferry,
Cover,
Música
sexta-feira, 6 de setembro de 2019
João de Melo - Gente Feliz com Lágrimas
( lido em Capítulo Segundo - Nuno Miguel)
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sexta-feira, setembro 06, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Gente feliz com Lágrimas,
João de Melo,
Literatura
Foi por Ela ( Fausto Bordalo Dias)-· Né Ladeiras feat Susan Palma-Nidel·
Sei que há outras mas, para mim , além da belíssima interpretação do autor, Fausto, ( que está neste blogue desde o começo ) existe esta. Que voz tão bonita, a de Né Ladeiras.
Foi por ela que amanhã me vou embora
ontem mesmo hoje e sempre ainda agora
sempre o mesmo em frente ao mar também me cansa
diz Madrid, Paris, Bruxelas quem me alcança
em Lisboa fica o Tejo a ver navios
dos rossios de guitarras à janela
foi por ela que eu já danço a valsa em pontas
que eu passei das minhas contas foi por ela
Foi por ela que eu me enfeito de agasalhos
em vez daquela manga curta colorida
se vais sair minha nação dos cabeçalhos
ainda a tiritar de frio acometida
mas o calor que era dantes também farta
e esvai-se o tropical sentido na lapela
foi por ela que eu vesti fato e gravata
que o sol até nem me faz falta foi por ela
Foi por ela que eu passo coisas graves
e passei passando as passas dos Algarves
com tanto santo milagreiro todo o ano
foi por milagre que eu até nasci profano
e venho assim como um tritão subindo os rios
que dão forma como um Deus ao rosto dela
foi por ela que eu deixei de ser quem era
sem saber o que me espera foi por ela
Foi por ela que amanhã me vou embora
ontem mesmo hoje e sempre ainda agora
sempre o mesmo em frente ao mar também me cansa
diz Madrid, Paris, Bruxelas quem me alcança
em Lisboa fica o Tejo a ver navios
dos rossios de guitarras à janela
foi por ela que eu já danço a valsa em pontas
que eu passei das minhas contas foi por ela
Fausto Bordalo Dias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fausto_Bordalo_Dias
Foi por ela que amanhã me vou embora
ontem mesmo hoje e sempre ainda agora
sempre o mesmo em frente ao mar também me cansa
diz Madrid, Paris, Bruxelas quem me alcança
em Lisboa fica o Tejo a ver navios
dos rossios de guitarras à janela
foi por ela que eu já danço a valsa em pontas
que eu passei das minhas contas foi por ela
Foi por ela que eu me enfeito de agasalhos
em vez daquela manga curta colorida
se vais sair minha nação dos cabeçalhos
ainda a tiritar de frio acometida
mas o calor que era dantes também farta
e esvai-se o tropical sentido na lapela
foi por ela que eu vesti fato e gravata
que o sol até nem me faz falta foi por ela
Foi por ela que eu passo coisas graves
e passei passando as passas dos Algarves
com tanto santo milagreiro todo o ano
foi por milagre que eu até nasci profano
e venho assim como um tritão subindo os rios
que dão forma como um Deus ao rosto dela
foi por ela que eu deixei de ser quem era
sem saber o que me espera foi por ela
Foi por ela que amanhã me vou embora
ontem mesmo hoje e sempre ainda agora
sempre o mesmo em frente ao mar também me cansa
diz Madrid, Paris, Bruxelas quem me alcança
em Lisboa fica o Tejo a ver navios
dos rossios de guitarras à janela
foi por ela que eu já danço a valsa em pontas
que eu passei das minhas contas foi por ela
Fausto Bordalo Dias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fausto_Bordalo_Dias
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sexta-feira, setembro 06, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Cover,
Encontros entre músicos portugueses e estrangeiros,
Fausto,
Música,
Né Ladeiras,
Susan Palma-Nidel
sábado, 31 de agosto de 2019
"Jeena Jeena"- Mukhtiyar Ali & Mathias Duplessy
Como uma maré alegre, suave e mansa.... deixe-se levar, vá na onda, relaxe....
Mukhtiyar ALi: Voice
Mukhtiyar ALi: Voice
Mathias Duplessy: Guitar& arrangements:
Ashok Kumar:Tablas
Bastien Charlery: Accordéon
Sttephen Bedrossian: Contrebasse
Dayam Ali: Sarangi,
Rakesh Kumar: Dholak
Ashok Kumar:Tablas
Bastien Charlery: Accordéon
Sttephen Bedrossian: Contrebasse
Dayam Ali: Sarangi,
Rakesh Kumar: Dholak
( e assim se ficam a conhecer músicos e se aprende o nome dos instrumentos.... sem esforço. Realmente lúdico, claro, para mim.)
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, agosto 31, 2019
2
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Mathias Duplessy,
Mukhtiyar Ali,
Música
The Art of Being a Couple | Theodore Zeldin | TEDxOxford
"Fear is is something that we have be unable to liberate ourselves from .
It is all very well ir for politicians of little theories to say that nan is born free, but no creature is born free from fear"
"Knowing others is what life is about."
Extraordinário.
https://en.wikipedia.org/wiki/Theodore_Zeldin
It is all very well ir for politicians of little theories to say that nan is born free, but no creature is born free from fear"
"Knowing others is what life is about."
Extraordinário.
https://en.wikipedia.org/wiki/Theodore_Zeldin
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, agosto 31, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Filosofia,
Opinião,
PALESTRAS,
TED,
Theodore Zeldin
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
Rosa Passos & Ron Carter - Insensatez
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade--
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
quarta-feira, agosto 21, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Música,
Ron Carter,
Rosa Passos
domingo, 18 de agosto de 2019
- Um filme, uma canção-One flew over the cuckoo's , Charmaine
Conseguiu escrever :
"Como é que eu digo, se não falo?"
Disse -se.
( JLACB, 08-2017)
Gostava muito deste filme de Miloš Forman
e de Mantovani, que lhe entrava em casa através das colecções musicais em vinil das Selecções do Reader's Digest e, rodando com suavidade a 33 rotações, se fazia ouvir calma e alegremente.
Só aparentemente há contra-senso. O senso está lá, sem favor.
"Como é que eu digo, se não falo?"
Disse -se.
( JLACB, 08-2017)
Gostava muito deste filme de Miloš Forman
e de Mantovani, que lhe entrava em casa através das colecções musicais em vinil das Selecções do Reader's Digest e, rodando com suavidade a 33 rotações, se fazia ouvir calma e alegremente.
Só aparentemente há contra-senso. O senso está lá, sem favor.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
domingo, agosto 18, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Mantovani,
MoMilos,
Um filme,
uma canção
Horário do Fim
morre-se nada
quando chega a vez
é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos
morre-se tudo
quando não é o justo momento
e não é nunca
esse momento
Mia Couto
quando chega a vez
é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos
morre-se tudo
quando não é o justo momento
e não é nunca
esse momento
Mia Couto
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
domingo, agosto 18, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
domingo, 11 de agosto de 2019
Black Box Recorde- Hated Sunday
Detestosdomingosdestestosdomingosdetestosdomingos
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
domingo, agosto 11, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Black Box Recorder,
Musica
sábado, 10 de agosto de 2019
Pedro Burmester - Beethoven ( sonata nº 14 para piano)
"Sonata ao Luar"
( Rellstab -1832)
Ilumina... que bonito!
"O primeiro movimento vem com a indicação "quasi una fantasia". Uma melodia melancólica é apresentada acompanhada por um ostinato que dura o movimento inteiro. Beethoven coloca no início da partitura uma indicação de "senza surdina". Os desavisados pensam que a "surdina" se refere ao pedal esquerdo do piano, o "una corda", mas na verdade a "surdina" a que Beethoven se refere é o pedal direito. Nos pianos da época de Beethoven, o pedal direito levantava os abafadores (surdinas) das cordas. Ou seja, Beethoven pretendia que o movimento inteiro fosse tocado sem nenhuma surdina nas cordas (com o pedal direito abaixado). Como os pianos modernos não permitem isso - o nível de projeção é muito maior do que o piano da época de Beethoven, criando dissonâncias indesejadas - essa indicação serve como parâmetro para interpretação e não deve ser levada à risca (a não ser que o pianista toque num piano de época). O movimento tem uma forma-sonata um pouco escondida, onde há uma exposição, desenvolvimento e recapitulação, mas a forma fica bem diluída no contexto geral. Beethoven coloca um "attacca subito" no final do movimento para dar continuidade à música."
( Rellstab -1832)
Ilumina... que bonito!
"O primeiro movimento vem com a indicação "quasi una fantasia". Uma melodia melancólica é apresentada acompanhada por um ostinato que dura o movimento inteiro. Beethoven coloca no início da partitura uma indicação de "senza surdina". Os desavisados pensam que a "surdina" se refere ao pedal esquerdo do piano, o "una corda", mas na verdade a "surdina" a que Beethoven se refere é o pedal direito. Nos pianos da época de Beethoven, o pedal direito levantava os abafadores (surdinas) das cordas. Ou seja, Beethoven pretendia que o movimento inteiro fosse tocado sem nenhuma surdina nas cordas (com o pedal direito abaixado). Como os pianos modernos não permitem isso - o nível de projeção é muito maior do que o piano da época de Beethoven, criando dissonâncias indesejadas - essa indicação serve como parâmetro para interpretação e não deve ser levada à risca (a não ser que o pianista toque num piano de época). O movimento tem uma forma-sonata um pouco escondida, onde há uma exposição, desenvolvimento e recapitulação, mas a forma fica bem diluída no contexto geral. Beethoven coloca um "attacca subito" no final do movimento para dar continuidade à música."
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, agosto 10, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Beethoven,
Música,
Pedro Burmester
The Beatles - Twist and Shout (At Royal Variety Performance)
"The rest of you just rattle your jewellery"
*As Jóias da Coroa*
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, agosto 10, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
História,
Música,
The Beatles
Reese Wynans & Joe Bonamassa - So Much Trouble -
"Just what I needed on this rainy afternoon."
Me too. I've found my sunshine, right now.
Me too. I've found my sunshine, right now.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sábado, agosto 10, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Blues,
Joe Bonamassa,
Reese Wynans
sexta-feira, 2 de agosto de 2019
Só Tinha de ser com voce - Elis Regina & Tom
É, você que é feito de azul,
Me deixa morar nesse azul,
Me deixa encontrar minha paz
Você que é bonito demais
Se ao menos pudesse saber
Que eu sempre fui só de você
Você sempre foi só de mim.
Piano: Cesar Camargo Mariano
Me deixa morar nesse azul,
Me deixa encontrar minha paz
Você que é bonito demais
Se ao menos pudesse saber
Que eu sempre fui só de você
Você sempre foi só de mim.
Piano: Cesar Camargo Mariano
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sexta-feira, agosto 02, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Brasil,
Elis Regina,
Música,
TOM JOBIM
quarta-feira, 31 de julho de 2019
Boubacar Traoré - Hona
Ooh Hona don't leave, my love don't leave me alone.
Death is sometime better than shame.Please don't, don't leave me alone my darling.
Death is sometime better than shame.Please don't, don't leave me alone my darling.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
quarta-feira, julho 31, 2019
2
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Boubacar Traoré,
Música
terça-feira, 30 de julho de 2019
Roy Ayers - I am your mind
All your thoughts inside your mind wanting to be free
But why do we cry? Because tears cleanse the windows of our minds.
But why do we cry? Because tears cleanse the windows of our minds.
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
terça-feira, julho 30, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Kepa Junkera- BOK ESPOK
Ui!
"En este video se juntan la cultura gallega(peliqueiros),la búlgara(las chicas son búlgaras),la árabe(el que toca el pandero)y turca(los hombres que cantan)y la cultura vasca(pelotaris,kepa,txalaparta,kaxarranka)"
"(...) son de la tradición galega (de la zona centro de ourense). En carnaval (Entroido le llaman alli) se disfrazan son eso trajes y llevan latigos y cencerros. En Laza se llaman peliqueiros pero también es tradicional en otro pueblos, sarreraus, verin o xinzo, en este ultimo pueblo llevan barrigas de baca en vez de latigos. En cada pueblo se llaman de diferente manera."
"En este video se juntan la cultura gallega(peliqueiros),la búlgara(las chicas son búlgaras),la árabe(el que toca el pandero)y turca(los hombres que cantan)y la cultura vasca(pelotaris,kepa,txalaparta,kaxarranka)"
"(...) son de la tradición galega (de la zona centro de ourense). En carnaval (Entroido le llaman alli) se disfrazan son eso trajes y llevan latigos y cencerros. En Laza se llaman peliqueiros pero también es tradicional en otro pueblos, sarreraus, verin o xinzo, en este ultimo pueblo llevan barrigas de baca en vez de latigos. En cada pueblo se llaman de diferente manera."
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
terça-feira, julho 30, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Kepa Junkera,
Música,
SHORT-FILM
Heavy Baile - Ciranda
"Isto aqui ô ô
é um pouquinho de Brasil, iá iá....."
( passinho da favela....?)
Direção: Alex Tiernan
Dançarino: Jonathan Neguebites
é um pouquinho de Brasil, iá iá....."
( passinho da favela....?)
Dançarino: Jonathan Neguebites
Conceito:Alex Tiernan / Leo Justi
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
terça-feira, julho 30, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Alex Tiernan,
Brasil,
Dança .,
Heavy Baile,
Leo Justi,
SHORT-FILM
sexta-feira, 26 de julho de 2019
Bill Withers - Who Is He (And What Is He to You)
Soul.....
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sexta-feira, julho 26, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Bill Withers,
Música
sexta-feira, 19 de julho de 2019
Playing For Change - Groove In G (Tinariwen) / Song Around The World ( Jam)
I just love it!
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sexta-feira, julho 19, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Música,
Playing For Change,
Tinariwen
Baden Powell ( Serenata do adeus) e Vinicicus de Moraes ( o Poeta e a Lua)
É Vinicius quem diz.
Olha que coisa mais linda !
O Poeta e a Lua
A vinda lenta do espasmo
Aguça as pontas da lua.
O poeta afaga-lhe os braços
E o ventre que se menstrua
A lua se curva em arco
Num delírio de volúpia.
O gozo aumenta de súbito
Em frêmitos que perduram
A lua vira o outro quarto
E fica de frente, nua.
O orgasmo desce do espaço
Desfeito em estrelas e nuvens
Nos ventos do mar perspassa
Um salso cheiro de lua
E a lua, no êxtase, cresce
Se dilata e alteia e estua
O poeta se deixa em prece
Ante a beleza da lua.
Depois a lua adormece
E míngua e se apazigua...
O poeta desaparece
Envolto em cantos e plumas
Enquanto a noite enlouquece
No seu claustro de ciúmes.
Vinicius de Moraes
Olha que coisa mais linda !
O Poeta e a Lua
A vinda lenta do espasmo
Aguça as pontas da lua.
O poeta afaga-lhe os braços
E o ventre que se menstrua
A lua se curva em arco
Num delírio de volúpia.
O gozo aumenta de súbito
Em frêmitos que perduram
A lua vira o outro quarto
E fica de frente, nua.
O orgasmo desce do espaço
Desfeito em estrelas e nuvens
Nos ventos do mar perspassa
Um salso cheiro de lua
E a lua, no êxtase, cresce
Se dilata e alteia e estua
O poeta se deixa em prece
Ante a beleza da lua.
Depois a lua adormece
E míngua e se apazigua...
O poeta desaparece
Envolto em cantos e plumas
Enquanto a noite enlouquece
No seu claustro de ciúmes.
Vinicius de Moraes
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sexta-feira, julho 19, 2019
0
comentários
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Baden Powell,
Música,
Poesia,
Vinicius de Moraes
Subscrever:
Mensagens (Atom)