Há mais de meia hora
Que estou sentado à secretária Com o único intuito De olhar para ela. (Estes versos estão fora do meu ritmo. Eu também estou fora do meu ritmo). Tinteiro grande à frente. Canetas com aparos novos à frente. Mais para cá papel muito limpo. Ao lado esquerdo um volume da «Enciclopédia Britânica». Ao lado direito — Ah, ao lado direito! A faca de papel com que ontem Não tive paciência para abrir completamente O livro que me interessava e não lerei. Quem pudesse sintonizar tudo isto!
ÁLVARO DE CAMPOS ( 1935)
In Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 |
Esta vida tem de tudo. Escrevo sobre o que vejo, o que sinto, o que me interessa, sobretudo se e quando me apetecer. Se me lembrar, posso até contar a história do sobretudo que perdi num dia em que estava mesmo na lua...
sexta-feira, 12 de maio de 2017
HÁ MAIS DE MEIA-HORA
Publicada por
Luísa Castelo-Branco
à(s)
sexta-feira, maio 12, 2017
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
Álvaro Campos,
FERNANDO PESSOA,
Poesia
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário