enquanto me enganava a esperança
que naquilo em que pus tamanho amor
errei todo o discurso de meus anos.
PEDRO MEXIA
Sonetos* de Luís de Camões de terão sido retirados os versos deste poema:
1)
No mundo poucos annos e cansados
Vivi, cheios de vil miseria e dura:
Foi-me tão cedo a luz do dia escura,
Que não vi cinco lustros acabados.
Corri terras e mares apartados,
Buscando á vida algum remedio ou cura:
Mas aquillo que, em fim, não dá ventura
Não o dão os trabalhos arriscados.
Criou-me Portugal na verde e chara
Patria minha Alemquer; mas ar corruto,
Que neste meu terreno vaso tinha,
Me fez manjar de peixes em ti, bruto
Mar, que bates a Abássia fera e avara,
Tão longe da ditosa patria minha.
2)
Foi já um tempo doce cousa amar,enquanto me enganava a esperança;o coração, com esta confiança,
todo se desfazia em desejar.
Sonetos* de Luís de Camões de terão sido retirados os versos deste poema:
1)
No mundo poucos annos e cansados
Vivi, cheios de vil miseria e dura:
Foi-me tão cedo a luz do dia escura,
Que não vi cinco lustros acabados.
Corri terras e mares apartados,
Buscando á vida algum remedio ou cura:
Mas aquillo que, em fim, não dá ventura
Não o dão os trabalhos arriscados.
Criou-me Portugal na verde e chara
Patria minha Alemquer; mas ar corruto,
Que neste meu terreno vaso tinha,
Me fez manjar de peixes em ti, bruto
Mar, que bates a Abássia fera e avara,
Tão longe da ditosa patria minha.
2)
Foi já um tempo doce cousa amar,enquanto me enganava a esperança;o coração, com esta confiança,
todo se desfazia em desejar.
Ó vão, caduco e débil esperar!
Como se desengana üa mudança!
Que, quanto é mor a bem-aventurança,
tanto menos se crê que há-de durar.
Quem já se viu contente e prosperado,
vendo-se em breve tempo em pena tanta,
razão tem de viver bem magoado.
Porém quem tem o mundo exprimentado,
não o magoa a pena nem o espanta,
Como se desengana üa mudança!
Que, quanto é mor a bem-aventurança,
tanto menos se crê que há-de durar.
Quem já se viu contente e prosperado,
vendo-se em breve tempo em pena tanta,
razão tem de viver bem magoado.
Porém quem tem o mundo exprimentado,
não o magoa a pena nem o espanta,
que mal se estranhará o costumado.
3)
Que poderei do mundo já querer,
que naquilo em que pus tamanho amor,
não vi senão desgosto e desamor,
e morte, enfim; que mais não pode ser!
Pois vida me não farta de viver,
pois já sei que não mata grande dor,
se cousa há que mágoa dê maior,
eu a verei, que tudo posso ver.
A morte, a meu pesar, me assegurou
de quanto mal me vinha; já perdi
o que perder o medo me ensinou.
Na vida desamor sòmente vi,
Na morte a grande dor que me ficou:
Parece que para isto só nasci!
4)
Erros Meus, Má Fortuna , Amor ardenteEm minha perdição se conjuraram;
3)
Que poderei do mundo já querer,
que naquilo em que pus tamanho amor,
não vi senão desgosto e desamor,
e morte, enfim; que mais não pode ser!
Pois vida me não farta de viver,
pois já sei que não mata grande dor,
se cousa há que mágoa dê maior,
eu a verei, que tudo posso ver.
A morte, a meu pesar, me assegurou
de quanto mal me vinha; já perdi
o que perder o medo me ensinou.
Na vida desamor sòmente vi,
Na morte a grande dor que me ficou:
Parece que para isto só nasci!
4)
Erros Meus, Má Fortuna , Amor ardenteEm minha perdição se conjuraram;
Os erros e a Fortuna sobejaram,
Que para mim bastava Amor somente.
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que já as frequências suas me ensinaram
A desejos deixar de ser contente.
Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
De Amor não vi senão breves enganos.
Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!
Luís Vaz de Camões *( 4-4+3-3» 14)
Que para mim bastava Amor somente.
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que já as frequências suas me ensinaram
A desejos deixar de ser contente.
Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
De Amor não vi senão breves enganos.
Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!
Luís Vaz de Camões *( 4-4+3-3» 14)
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