sexta-feira, 8 de julho de 2016

A importância do futebol para Albert Camus

Li em Em FOLHA SECA , o sítio do jogo bonito:

Quando em 1949 aterrou no Brasil, onde foi fazer uma série de conferências em várias cidades, Albert Camus fez um pedido: “Levem-me a ver um jogo de futebol.”

Aquele desejo seria coisa pouco comum para outro reconhecido intelectual do século XX, mas não para o escritor franco-argelino.
“Em Camus não havia nenhum vestígio dessa personagem odiosa que é a celebridade itinerante. Não parecia um homem de letras. Era um homem da rua, um simples homem”, contou Manoel Bandeira, poeta pernambucano que conviveu com ele aquando da sua visita ao Recife.
Camus era um pied noir (“pé negro”, nome pelo qual eram conhecidos os franceses nascidos na Argélia). Nasceu a 7 de novembro de 1913, há exatamente 100 anos, na cidade argelina de Mondovi, hoje Dréan, e viveu a infância na pobreza. O seu pai, francês, pereceu na batalha de Marne, na I Guerra Mundial, e muito jovem teve de trabalhar com o tio, como tanoeiro, para ajudar ao sustento da família. Na verdade, ele só conseguiu chegar à universidade graças ao auxílio dos professores.

E foi no Racing Universitário de Argel que Camus teve contacto com o futebol. Entre 1928 e 1930, foi guarda-redes na equipa que mais tarde sagrar-se-ia bicampeã norte-africana. Um título que Camus não comemorou, já que aos 17 anos teve de abandonar o desporto após lhe ter sido detetada uma tuberculose.

Seguiu o caminho como escritor, foi para Paris, combateu a ocupação nazi na II Guerra, como jornalista na redação do jornal Combat. Publicou a sua primeira grande obra de ficção, O Estrangeiro, em 1943, esteve próximo do partido comunista e com o movimento anarquista e em 1957 ganhou o Nobel da Literatura, três anos antes de falecer em Villeblevin, vítima de um acidente de viação.

A carreira consagrada como filósofo, jornalista e escritor não impediu ainda assim Camus de regressar às origens. “Prefiro futebol a uma peça de teatro, sem hesitações”, terá respondido um dia ao seu amigo Charles Poncet. Nas suas memórias, ficaram como nunca gravados aqueles momentos passados nas duas épocas como guarda-redes do Racing Universitário de Argel. A tal ponto, que para a posteridade, tal como as suas obras, ficou célebre uma frase sobre o que ficou a dever ao desporto e aprendeu naquele pequeno clube da sua adolescência: “Tudo quanto sei com maior certeza sobre a moral e as obrigações dos homens devo-o ao futebol.”

Em FOLHA SECA , o sítio do jogo bonito

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