Hilariante, o diálogo entre o Pai , o alfaite Caetano ( António Silva) e a Filha Alice( Beatriz Costa) que é obrigada - "Paizinho eu vou fazer isto contrariada..."- a cantar "A Agulha e o Dedal, da célebre revista o Pastel de Bacalhau" .
Brilhante, a interpretação deste dois grandes actores. Oitenta e três anos depois esta cena continua a interessar e a fazer rir muita gente. É obra!
"A Agulha e o Dedal", do filme "A Canção de Lisboa" (1933), o primeiro filme sonoro português, realizado em pleno Estado Novo por José Cottinelli Telmo.
Para quem quiser explorar o tema , transcrevo dois comentários públicos que me parecem relevantes e a letra da canção intercalada com algumas das "deixas " desta cena.
"Estreou a 7-11-1933 em Lisboa. A estreia no Porto aconteceu, em simultâneo, nos cinemas Trindade e Olympia a 21-11-1933. Era apenas uma cópia. O filme começava e era projectado com desfasamento nos dois cinemas para que as bobines passassem de um cinema para o outro, As bobines tinham cerca de 10 minutos. Quando acabava uma bobine num dos cinemas, era rebobinada e alguém levava a bobine ao outro cinema. Eram outros tempos."( António Tavares(http://tavares1951.no.sapo.pt/)
"Comédia ponto. E bem feita. As alusões ao Estado Novo? Conferir o realizador, José Cottinelli Telmo. O arquitecto-chefe por trás da Exposição do Mundo Português em 1940. De resto, também lá estava o amigo Almada Negreiros, quem fez os cartazes.."( Rui Rocha)
A Agulha e o Dedal
Vem cá doida agulha, tão meiga e tão fina
Vem dar-me os teus lábios de açúcar pilé
Dedal não me apanhas, sou esperta e ladina
E mais retorcida que as de croché ("coroché")
Ai chega, chega, chega
Chega, chega ó minha agulha
Afasta, afasta afasta
Afasta o meu dedal ("didal")
Brejeira, não sejas trafulha
Ó bela vem coser o avental...
(-Paizinho eu não lhe disse que esta do "a-a" , que não a dava?
-AAAAAAA!!!!
-Isso é o Paizinho que tem um vozeirão...)
...do amor.Ai chega, chega, chega
Chega, chega ó minha agulha
Afasta, afasta, afasta
Afasta o meu dedal
Brejeira não sejas trafulha,
Ó não, és a mais bela fresca agulha em Portugal!
(Homem: Voz de cana rachada!
- Vê paizinho, ao que me sujeito, vê?
- Vejo aquele sujeito, vejo, mas não perde pela demora!)
Eu sei que não me amas por não ser de prata
E que me desprezas por ser só de cobre
Dedal tu não chores, bem sei que és de lata
Também eu passajo na fralda do pobre
Ai chega, chega, chega
Chega, chega ó minha agulha
Afasta, afasta afasta
Afasta o meu dedal
Brejeira não sejas trafulha
Ó bela vem coser o avental...
( -Esta agora ainda foi pior, paizinho ...
-Deixa lá o avental e continua , filha ,ai!)
...do amor.
Ai chega, chega, chega
Chega, chega ó minha agulha
Afasta, afasta, afasta
Afasta o meu dedal
Brejeira não sejas trafulha
Ó não, és a mais bela fresca agulha em Portugal!
Vim cá deixar mais esta cena... Não resisti, pronto.
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