sexta-feira, 27 de maio de 2016

Sittin' On The Dock Of The Bay | Playing For Change

"Look like nothing's gonna change
Everything still remains the same"

Just love this song I listened, once more, one hour ago .
In my childhood I used to hear the original and unforgettable Otis Redding version. This time I choose the great cover of Playing For Change and the voices and soul of Roger Ridley​ and Grandpa Elliott.
Looking at the lyrics of the song and the name of this wonderful movement ( Playng For Change) you may think about contradiction... nonsense...Well, I don't know... But for sure, sometimes , extremes meet .  And when it happens can be more than funny.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Manuel Queiró (b.1995)



                                          
                                                  2016 ( óleo  sobre tela)
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domingo, 8 de maio de 2016

Sting: How I started writing songs again

"I think it's appropriate to say the obvious that there's a symbiotic and intrinsic link between storytelling and community, between community and art, between community and science and technology, between community and economics. It's my belief that abstract economic theory that denies the needs of community or denies the contribution that community makes to economy is shortsighted, cruel and untenable.
The fact is, whether you're a rock star or whether you're a welder in a shipyard, or a tribesman in the upper Amazon, or the queen of England, at the end of the day, we're all in the same boat."
Sting’s early life was dominated by a shipyard—and he dreamed of nothing more than escaping the industrial drudgery. But after a nasty bout of writer’s block that stretched on for years, Sting found himself channeling the stories of the shipyard workers he knew in his youth for song material. In a lyrical, confessional talk, Sting treats us to songs from his upcoming musical, and to an encore of “Message in a Bottle.”

domingo, 1 de maio de 2016

O gato remeumeu ( interpretado pelas Cantadeiras do Vale do Neiva) , a minha minha Mãe e eu...

 Também devo à minha Mãe o facto me ter posto a ouvir música, praticamente, desde o dia em que nasci. Foi marcante, moldou muito a minha personalidade, não tenho dúvida.

 Fui educada no
 interior do Minho.  Vivíamos em Freixo, uma terra com dois largos : o da Igreja (muito perto estava a escola primária) e o da Feira, à volta do qual havia uma "Casa do Povo", casas como a nossa, uma farmácia, duas mercearias, alguns (nessa altura talvez dois ), cafés, talho, loja de ferragens, relojoaria e pouco mais... Aí havia feira de quinze em quinze dias e paravam as "carreiras" que mais tarde nos levariam, aos que continuaram a estudar,  para a escola em Ponte de Lima e liceu em Viana do Castelo (nessa altura já só ia a casa  uma vez por semana.)
De vez em quando passava por lá a carrinha da Biblioteca Itenerante ( grande Gulbenkian!)
Lembro-me de não haver luz eléctrica na aldeia.

O rádio ficava todo o dia ligado ao pé do berço. Sempre houve música por todo o lado, até na casa de banho.
 O meu Pai era mais para os livros. Sendo "duro" de ouvido ,dizia que  tocava campainha muito bem... No entanto era engenhocas , gostava de máquinas e também deste ambiente, que era alegre, lúdico e pedagógico. Colaborava, arranjando boas e modernas "aparelhagens", mandando vir colecções musicais pelo correio.... Sem ele e o seu engenho nada teria sido possível.
Mas é à minha Mãe e à sua sensibilidade musical que devo (e os meus irmãos também) não só o gosto, mas também a curiosidade por variadíssimos tipos de música e sonoridades.

Vêm-me à memória as viagens de carro para a praia em que, muito pequenos, todos cantávamos e só eu desafinava... A minha Mãe fazia-me tomar consciência disso, deixando-me fula, é claro, mas também me ensinava e emendava. Água mole em pedra dura "taratara" , um dia deixei de estragar o coro da ida à praia ( ó que bonita!), ou o "coiro" passou a coro....

 E não me esqueço das cassettes que mais tarde lhe gravava para o carro, depois de horas, dias, de selecção cuidadosa . Durante anos houve essa " brincadeira" entre nós...

Uma das canções que cantávamos ,embora de forma ligeiramente diferente e pior com certeza mas, pelo menos, a duas vozes ( depois... já não sei se era a Mãe quem fazia o "rabo"), era esta :






LCB

Mãezinha


A terra de meu pai era pequena
e os transportes difíceis.
Não havia comboios, nem automóveis, nem aviões, nem mísseis.
Corria branda a noite e a vida era serena.

Segundo informação, concreta e exacta,
dos boletins oficiais,
viviam lá na terra, a essa data,
3023 mulheres, das quais
45 por cento eram de tenra idade,
chamando tenra idade
à que vai do berço até à puberdade.

28 por cento das restantes
eram senhoras, daquelas senhoras que só havia dantes.
Umas, viúvas, que nunca mais (oh! nunca mais!) tinham sequer sorrido
desde o dia da morte do extremoso marido;
outras, senhoras casadas, mães de filhos…
(De resto, as senhoras casadas,
pelas suas próprias condições,
não têm que ser consideradas
nestas considerações.)

Das outras, 10 por cento,
eram meninas casadoiras, seriíssimas, discretas,
mas que por temperamento,
ou por outras razões mais ou menos secretas,
não se inclinavam para o casamento.

Além destas meninas
havia, salvo erro, 32,
que à meiga luz das horas vespertinas
se punham a bordar por detrás das cortinas
espreitando, de revés, quem passava nas ruas.

Dessas havia 9 que moravam
em prédios baixos como então havia,
um aqui, outro além, mas que todos ficavam
no troço habitual que o meu pai percorria,
tranquilamente no maio sossego, às horas em
que entrava e saía do emprego.

Dessas 9 excelentes raparigas
uma fugiu com o criado da lavoura;
5 morreram novas, de bexigas;
outra, que veio a ser grande senhora,
teve as suas fraquezas mas casou-se
e foi condessa por real mercê;
outra suicidou-se
não se sabe porquê.

A que sobeja
chama-se Rosinha.
Foi essa que o meu pai levou à igreja.
Foi a minha mãezinha."


António Gedeão, in Linhas de Força