Há Portuguesas ( e Portugueses, claro) que valem ouro.
É o que se pode concluir quando se ouve Sofia Ribeiro a cantar.
Uma Joia, esta interpretação .
Esta vida tem de tudo. Escrevo sobre o que vejo, o que sinto, o que me interessa, sobretudo se e quando me apetecer. Se me lembrar, posso até contar a história do sobretudo que perdi num dia em que estava mesmo na lua...
domingo, 28 de fevereiro de 2016
Sílvia Pérez Cruz i Cástor Pérez - Veinte años
Precioso, este vídeo.
Pai e filha cantam juntos ... o cenário , comportamentos e contrastes em realce : um café típico de bairro , a idade e aparência dos figurantes, além da cantora, as outras (poucas) mulheres aparecem de fugida, o jogo de cartas que continua, entretanto, como se se pudesse ficar indiferente ao que de extraordinário ali se passa ... No entanto o aplauso final mostra que não: é o reconhecimento de um momento emocionante, inesquecível (eu sei lá! quantos adjectivos poderia encontrar para o qualificar), único .
O que vem da alma , nota-se e arrebata.
A maior parte de nós não gosta, e isso acontece cada vez mais , de mostrar a alma... Também é verdade que não a mostra quem quer. Um tema que daria pano para mangas ...
A alma a que me refiro é a da Arte , aquela que se sente de imediato e arrebata.
Silvia Perez Cruz tem esse dom: quando canta, encanta.
Pai e filha cantam juntos ... o cenário , comportamentos e contrastes em realce : um café típico de bairro , a idade e aparência dos figurantes, além da cantora, as outras (poucas) mulheres aparecem de fugida, o jogo de cartas que continua, entretanto, como se se pudesse ficar indiferente ao que de extraordinário ali se passa ... No entanto o aplauso final mostra que não: é o reconhecimento de um momento emocionante, inesquecível (eu sei lá! quantos adjectivos poderia encontrar para o qualificar), único .
O que vem da alma , nota-se e arrebata.
A maior parte de nós não gosta, e isso acontece cada vez mais , de mostrar a alma... Também é verdade que não a mostra quem quer. Um tema que daria pano para mangas ...
A alma a que me refiro é a da Arte , aquela que se sente de imediato e arrebata.
Silvia Perez Cruz tem esse dom: quando canta, encanta.
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Luísa Castelo-Branco
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sábado, 20 de fevereiro de 2016
Freddie King - Ain't Nobody's Business (Live At The Sugarbowl 1972)
....And if you like the blues... here it is The Man ....Stunning, this vídeo!
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Luísa Castelo-Branco
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Lenda do Rio Lima
Era uma vez um rio. Nascera, sem pressa, entre espessas penhas, numa serra galega, e, sem pressa, foi descendo um vale ameno, bordado de salgueiros e veigas viridentes, avistado, débil pela distância, dos altos montes revestidos de pinheirais, e onde, nos cimos, se abrigavam o refúgio e a agressividade de velhos castros.
Era azul e liso. Não tinha nome, ainda.
O povo que lhe usava as águas, para a rega, a pesca e a sede, era rude, selvagem, mal sabendo talhar na pedra o machado da lenha; a faca lascada para dilacerar a rês, destinada ao fulgor das brasas; a ponta de lança para a defesa e o ataque contra a violência que lhe roubava o gado e lhe raptava a mulher.
Pela calma do entardecer, a tingir de vermelho os céus do mar próximo, o pastor, recoberto de peles de fera, conduzia os rebanhos até às areias finas das margens, a beberem frescura na limpidez do rio, longa, longamente...
Mas esta paz de paraíso não tardou a ser perturbada pelo passo duro e cadenciado do soldado estranho.
A Roma imperial enviara as suas legiões aos campos agrestes da Ibéria, vencendo batalhas, edificando estradas lajeadas, as pontes, os aquedutos, as muralhas guerreiras, os templos para os deuses, os anfiteatros e as arenas para os prazeres da arte e do desporto. Elas invadiam, implacáveis, o bucolismo da paisagem doce, empunhando a agudeza da lança e o escudo de coiro lavrado, entre o arruído dos pesados carroções e o tropear febril dos cavalos.
E, um dia, eis que o arreganho destas legiões chega junto à margem sul do rio de que vos falo, com seus pendões rubros, constelados de águias, sacudidos por uma brisa mansa. E estaca, rendido, deslumbrado!
No arrebatamento da visão, toda a soldadesca excitada supõe estar diante daquele rio Lethes, o Rio do Esquecimento, um rio sem par de que lhe falavam as lendas e as narrativas do seu país.
E do Esquecimento, porquê?
Porque se dizia que quem ousasse atravessá-lo, enfeitiçado pela sua beleza, logo esqueceria a pátria, a família, o próprio nome.
Tomado de pavor pelos avisos desta condenação, todo o exército se recusou a mergulhar, naquelas águas encantadas, a poeira das sandálias, obrigadas a calcar o vau
da passagem que o levaria, sem perigo, à margem oposta.
Em vão os comandantes lhe davam ordem de avançar. Em vão o chefe supremo, Décio Júnio Bruto, lhe ameaçou a desobediência com a prisão e a morte.
Ninguém se movia dali, paralisado pela emoção e pelo medo. Mas Décio Júnio Bruto teve uma decisão feliz. Apeando-se do seu ginete, atravessou, lento, as águas feiticeiras, com o escudo a proteger-lhe a cabeça, a curta espada desembainhada na firmeza da mão.
E, mal atingiu o areal da margem direita, vencendo o rumorejar do arvoredo, o gorjeio mavioso dos rouxinóis, começou a bradar pelos seus homens, hirtos, perfilados à sua frente, como estátuas estáticas, proferindo, de cada um deles, o nome exacto, sem revelar esforço de memória.
Só desta forma convenceu os seus soldados que, afinal, o rio que lhes corria aos pés não era o Lethes do esquecimento, apesar da sua beleza, apesar do seu fascínio.
Então, todo o exército atravessou, sem hesitar, as águas claras e brandas, e seguiu para novas paisagens, novos montes e vales, novos rios, embora nenhum deles tão deslumbrante.
E aquele rio que, por um momento de paixão e de temor, fora baptizado de Lethes, continuou a correr, sem pressa, até ao desenlace da foz. O rio tem, hoje, o nome de Lima.
E, tal como outrora, ei-lo que fascina, pela sua beleza, quem dele se abeira, lhe escuta o leve fluir, já ladeado, agora, pela riqueza e nobreza das igrejas e santuários milagreiros; pelos escuros solares armoriados e a brancura alegre dos casais; pelo bulício de antigas povoações com suas elegantes pontes arqueadas sobre barcos pesqueiros; e, por todo o horizonte, as torres, os pelourinhos, as cruzes...
Rio do Esquecimento?
Não.
Rio da Lembrança.
Lembrança viva destas terras amoráveis, por onde desliza e que parece beijar.
António Manuel Couto Viana
Lendas do Vale do Lima
Ilustração de António Vaz Pereira
,
Ponte de Lima, Valima, Associação de Municípios do Vale do Lima, 2002
Era azul e liso. Não tinha nome, ainda.
O povo que lhe usava as águas, para a rega, a pesca e a sede, era rude, selvagem, mal sabendo talhar na pedra o machado da lenha; a faca lascada para dilacerar a rês, destinada ao fulgor das brasas; a ponta de lança para a defesa e o ataque contra a violência que lhe roubava o gado e lhe raptava a mulher.
Pela calma do entardecer, a tingir de vermelho os céus do mar próximo, o pastor, recoberto de peles de fera, conduzia os rebanhos até às areias finas das margens, a beberem frescura na limpidez do rio, longa, longamente...
Mas esta paz de paraíso não tardou a ser perturbada pelo passo duro e cadenciado do soldado estranho.
A Roma imperial enviara as suas legiões aos campos agrestes da Ibéria, vencendo batalhas, edificando estradas lajeadas, as pontes, os aquedutos, as muralhas guerreiras, os templos para os deuses, os anfiteatros e as arenas para os prazeres da arte e do desporto. Elas invadiam, implacáveis, o bucolismo da paisagem doce, empunhando a agudeza da lança e o escudo de coiro lavrado, entre o arruído dos pesados carroções e o tropear febril dos cavalos.
E, um dia, eis que o arreganho destas legiões chega junto à margem sul do rio de que vos falo, com seus pendões rubros, constelados de águias, sacudidos por uma brisa mansa. E estaca, rendido, deslumbrado!
No arrebatamento da visão, toda a soldadesca excitada supõe estar diante daquele rio Lethes, o Rio do Esquecimento, um rio sem par de que lhe falavam as lendas e as narrativas do seu país.
E do Esquecimento, porquê?
Porque se dizia que quem ousasse atravessá-lo, enfeitiçado pela sua beleza, logo esqueceria a pátria, a família, o próprio nome.
Tomado de pavor pelos avisos desta condenação, todo o exército se recusou a mergulhar, naquelas águas encantadas, a poeira das sandálias, obrigadas a calcar o vau
da passagem que o levaria, sem perigo, à margem oposta.
Em vão os comandantes lhe davam ordem de avançar. Em vão o chefe supremo, Décio Júnio Bruto, lhe ameaçou a desobediência com a prisão e a morte.
Ninguém se movia dali, paralisado pela emoção e pelo medo. Mas Décio Júnio Bruto teve uma decisão feliz. Apeando-se do seu ginete, atravessou, lento, as águas feiticeiras, com o escudo a proteger-lhe a cabeça, a curta espada desembainhada na firmeza da mão.
E, mal atingiu o areal da margem direita, vencendo o rumorejar do arvoredo, o gorjeio mavioso dos rouxinóis, começou a bradar pelos seus homens, hirtos, perfilados à sua frente, como estátuas estáticas, proferindo, de cada um deles, o nome exacto, sem revelar esforço de memória.
Só desta forma convenceu os seus soldados que, afinal, o rio que lhes corria aos pés não era o Lethes do esquecimento, apesar da sua beleza, apesar do seu fascínio.
Então, todo o exército atravessou, sem hesitar, as águas claras e brandas, e seguiu para novas paisagens, novos montes e vales, novos rios, embora nenhum deles tão deslumbrante.
E aquele rio que, por um momento de paixão e de temor, fora baptizado de Lethes, continuou a correr, sem pressa, até ao desenlace da foz. O rio tem, hoje, o nome de Lima.
E, tal como outrora, ei-lo que fascina, pela sua beleza, quem dele se abeira, lhe escuta o leve fluir, já ladeado, agora, pela riqueza e nobreza das igrejas e santuários milagreiros; pelos escuros solares armoriados e a brancura alegre dos casais; pelo bulício de antigas povoações com suas elegantes pontes arqueadas sobre barcos pesqueiros; e, por todo o horizonte, as torres, os pelourinhos, as cruzes...
Rio do Esquecimento?
Não.
Rio da Lembrança.
Lembrança viva destas terras amoráveis, por onde desliza e que parece beijar.
António Manuel Couto Viana
Lendas do Vale do Lima
Ilustração de António Vaz Pereira
,
Ponte de Lima, Valima, Associação de Municípios do Vale do Lima, 2002
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Camille "Suis-moi" - C à vous -
S’parle
C’est si bon quand on s’parle!
Si haut ici-bas...Padadadi poudoupa papadidouda
Suis-moi", extrait de la bande originale de l'adaptation en film d'animation du "Petit prince".
24 Juin 2015
C’est si bon quand on s’parle!
Si haut ici-bas...Padadadi poudoupa papadidouda
Suis-moi", extrait de la bande originale de l'adaptation en film d'animation du "Petit prince".
24 Juin 2015
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
Manuel António Pina, os gatos , os poemas , o provérbio....
"(....)Dou-me bem com os gatos* porque eles, os animais em geral, estão muito próximos do Ser. Como estão alguns personagens literários. Relaciono-me com eles com alguma melancolia, porque "quem me dera ter a tua inconsciência, e a consciência dela" - como escreve Pessoa." - ( excerto do artigo publicado a 26/4/2009, na Pública)
*Tinha oito.
"À noite todos os poemas são pardos"- M.A.P.
(como os gatos, lá diz o provérbio....)
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Manuel António Pina
domingo, 14 de fevereiro de 2016
Enishie by Seigen Ono
O genérico de o "Eixo do Mal" é belíssimo... valha-nos isso.
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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
Jon Batiste Performs 'Blackbird'
In honor of the release of The Late Show EP and the 52nd Anniversary of The Beatles' performance at the Ed Sullivan Theater, Jon Batiste performs "Blackbird."
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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
Adoniran Barbosa e Elis Regina 1978 (completo)
Encontro de Adoniran Barbosa e Elis Regina.
Músicas: "Iracema", "Um samba no Bexiga" e "Saudosa Maloca".
Bar da Carmela
Bairro: Bixiga
Cidade: São Paulo
1978
Encontraram-se num Boteco ( o que eu gosto desta palavra...) do Bairro do Bixiga ( formado por emigrantes italianos e um dos mais tradicionais de São Paulo).
Tudo, mas tudo neste vídeo me emociona e faz sorrir: os lugares, a decoração, a época e ,sobretudo, os personagens... Enormes na sua simplicidade alegria , admiração mútua, empatia...
É pena que a conversa entre os dois se perca nas traduções necessárias para quem não fala Português, pois trata-se de um documento histórico absolutamente precioso para todos quantos têm interesse pelos costumes e pela música do Brasil.
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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016
David Garrett – "Carnevale di Venezia" of Niccolo Paganini
O meu chapéu tem três bicos
Tem tês bicos o meu chapéu
Se não tivesse três bicos
O chapéu não era o meu.....
Tem tês bicos o meu chapéu
Se não tivesse três bicos
O chapéu não era o meu.....
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Luísa Castelo-Branco
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