sábado, 28 de junho de 2014

Les Luthiers - Las Noches de París (SUB)

Recorrente....encantada, sempre.



Wave (Tom Jobim) - Yamandu Costa + Dominguinhos

- Em segredo

Para estarmos juntos 
como antes 
fingi esquecer, adormeci 
no tempo, 
sonhei com teu beijo 
e criei este espaço 
entre meus braços 
no molde das noites vazias 
da tua saudade. 

Em segredo.



© Quisera

domingo, 8 de junho de 2014

eça

"Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão."
 Eça de Queiróz

sábado, 7 de junho de 2014

Júlio Resende / Amália Rodrigues - GAIVOTA




Gaivota é um fado cantado originalmente por Amália Rodrigues , com letra de Alaxandre O'Neill, música de Alain Oulman.




GAIVOTA

Se uma gaivota viesse
Trazer-me o céu de lisboa
No desenho que fizesse,
Nesse céu onde o olhar
É uma asa que não voa,
Esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
No meu peito bateria,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
Dos sete mares andarilho,
Fosse quem sabe o primeiro
A contar-me o que inventasse,
Se um olhar de novo brilho
No meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
No meu peito bateria,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
As aves todas do céu,
Me dessem na despedida
O teu olhar derradeiro,
Esse olhar que era só teu,
Amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
Morreria no meu peito,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde perfeito
Bateu o meu coração.

Receita pra lavar palavra suja

Receita pra lavar palavra suja - Viviane Mosé from Ines Cozzo on Vimeo.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Viviane_Mos%C3%A9





Receita pra lavar palavra suja


Mergulhar a palavra suja em água sanitária,

Depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio dia.

Algumas palavras quando alvejadas ao sol

adquirem consistência de certeza,

por exemplo a palavra vida.

Existem outras e a palavra amor é uma delas

que são muito encardidas e desgastadas pelo uso,

o que recomenda esfregar e bater insistentemente na pedra,

depois enxaguar em água corrente.

São poucas as que ainda permanecem sujas

depois de submetidas a esses cuidados

mas existem aquelas.

Dizem que limão e sal tiram as manchas mais difíceis e nada.

Todas as tentativas de lavar a piedade foram sempre em vão.

Mas nunca vi palavra tão suja

como a palavra perda.

Perda e morte na medida em que são alvejadas,

soltam um líquido corrosivo

—que atende pelo nome de amargura—

capaz de esvaziar o vigor da língua.

Nesse caso o aconselhado é mantê-las sempre de molho

em um amaciante de boa qualidade.

Agora se o que você quer

é somente aliviar as palavras do uso diário,

pode usar simplesmente sabão em pó e máquina de lavar.

O perigo aqui é misturar palavras que mancham

no contato umas com as outras.

A culpa, por exemplo, mancha tudo que encontra

e deve ser sempre clareada sozinha.

Uma mistura pouco aconselhada é amizade e desejo,

já que desejo sendo uma palavra intensa, quase agressiva,

pode, o que não é inevitável,

esgarçar a força delicada da palavra amizade.

Já a palavra força cai bem em qualquer mistura.

Outro cuidado importante é não lavar demais as palavras

sob o risco de perderem o sentido.

A sujeirinha cotidiana quando não é excessiva

produz uma oleosidade que conserva a cor

e a intensidade dos sons.

Muito valioso na arte de lavar palavras

é saber reconhecer uma palavra limpa.

Para isso conviva com a palavra durante alguns dias.

Deixe que se misture em seus gestos

que passeie pelas expressões dos seus sentidos.

Á noite, permita que se deite,

não a seu lado, mas sobre seu corpo.

Enquanto você dorme

a palavra plantada em sua carne

prolifera em toda sua possibilidade.

Se puder suportar a convivência

até não mais perceber a presença dela,

então você tem uma palavra limpa.

Uma palavra limpa é uma palavra possível.

VIVIANE MOSÉ

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Hadden Sayers - Back to the Blues (feat. Ruthie Foster)


Music to the soul...  

Retratos De Uma Cidade Branca



Retratos De Uma Cidade Branca

Onde estão os meus amigos?
Remotas memórias
Saltitam
Pululam
Cheiros / odores / miragens
O café
O sorriso
Olá como está!
E outras encenações
A novidade
A vizinha do 3º fugiu, amanhã vem no jornal

Ai..a imperial da Munique
Os destemidos tremoços
Moços, maçons
Canalha / navalha
Pensa coração
Amigos onde estais?

A sueca com minis à mistura
O relato da bola
A malha / copo de 3
A feira do relógio
O relógio da feira
Sandes de couratos / vinhos de Torres
Jogging de Marvila

Domingo
Especialmente domingo
Barbeados / dentes lavados
E martinis no plástico labrego
Alumínio / moderno / kitch / mau gosto
12 cordas / mãozinhas
Salteadores da razão perdida
Perdidos / enjaulados
Correio da manhã
O cú da vizinha do 9ºB
Regalo para a vista
Suplemento a cores com salários em atraso

E a Lisnave / petroquímica
Cancros do meu Tejo
Apodrecendo lentamente o azul das águas
E eu impotente / cinemascope / 35 milímetros de mim
A raiva afogada entre cubaslibres e pernas de mulheres
Que não são putas nem são falsas nem são nada
São pernas de mulheres e cubaslibres simplesmente

Paga-se a saudade com cartão de crédito

Táxi
Leva-me para onde está o meu amor
Táxi
Leva-me para lá de mim
Táxi
Atropela-me os sentidos e a alma para não deixar vestígios.
 

Napoleão Mira

Quando Chega uma Carta Tua


Quando chega uma carta tua todas as divagações acabam, e acordo para a vida. Todos os problemas estranhos deixam de ter importância, os misteriosos quadros de doenças se desvanecem, e acabam-se as teorias vazias «de acordo com o estado presente da ciência», como elas são chamadas. Então o mundo fica tão acolhedor, tão alegre, tão fácil de compreender. A minha doce querida não é uma ilusão, ela não tem que ser comprovada por testes químicos; de facto ela pode ser observada a olho nú. Ainda bem que ela não tem nada a ver com doenças – e espero que continue – excepto por ter sido suficientemente imprudente para tomar um médico para amante. Oh Marty, é muito mais gratificante ser um ser humano em vez de um armazém de certas experiências monótonas. Mas ninguém se pode permitir a ser um ser humano por uma hora a não ser que tenha sido uma máquina ou um armazém por onze horas. E aqui chegámos, onde começámos.

Carta de Sigmund Freud a Martha Bernays, 9 de Outubro 1883 (excerto)