sábado, 2 de dezembro de 2017

Rui Oliveira e Ela Vaz-Sino da Minha Aldeia (Fernando Pessoa)

As publicações deste blogue acontecem, muitas vezes, por acaso. Há por aqui encontros inesperados.
Com direito (além da vozes e do arranjo musical) a um belíssimo assobio, este é um  feliz acaso.
Encantada.




Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa

Sem comentários:

Enviar um comentário