segunda-feira, 11 de abril de 2011


Apelo de uma portuguesa indignada

Desde menino que Pinto de Sousa queria muito ser famoso. Gostava de representar e sabia que provocava emoções, pois era inegável a sua capacidade para se meter na pele de um personagem fazendo crer que as palavras que dizia eram mesmo suas. Não que tenha feito realmente teatro, mas havia cenas da vida real em que, ao fantasiar e dissimular, conseguia ser credível, criar nos outros ilusões que, não sendo mais do que isso, eram tomadas por realidades e puras verdades. Desde cedo ganhou seguidores e no seu círculo tornou-se bastante popular.
No entanto na adolescência concluiu que, mais do que ser conhecido, ambicionava ter poder. Adoptou como lema de vida, a frase maquiavélica “ os fins justificam os meios”. Embora detestasse estudar, havia coisas muito úteis que se aprendiam na escola e que podiam facilitar a ascensão pretendida.
Mais tarde resolveu estudar Engenharia Civil e embora hoje se apresente como engenheiro, há quem ponha em dúvida e não confirme a conclusão do curso. Outros dizem que o terminou ao abrigo de um “regime especial”, não por estar incluído num grupo com necessidades especiais, mas porque de acordo com a frase que desde cedo se tornou o seu lema, usou das capacidades já referidas, para conseguir o canudo. Nada disto se confirma ou desmente. Especula-se.

Todos sabemos que, no Portugal republicano, a obtenção de um curso superior é sinónimo de competência e, em muitos casos, de uma subida na pirâmide social. Abre muitas portas. Dá importância. Enriquece o nome de família. Nesse aspecto equivale ao título nobiliárquico dos regimes monárquicos. Há até quem lhe atribua tanto valor que, ao dar-se a conhecer, faz preceder o nome do título académico, seja por escrito nos cartões de visita, seja dando-lhe o pretendido realce através de uma determinada inflexão do tom de voz: “ O meu nome é Engenheiro, Doutor, Desembargador tal, tal”. Quem nunca presenciou um destes episódios, poderá confirmar a tendência verificando o que se passa no futebol, “o desporto-rei”. Aí, com as devidas excepções, é habitual que o título de Professor anteceda o nome do treinador. Já os que treinam outras actividades desportivas menos aristocráticas, são apenas conhecidos pelo nome e apelido.

Voltando ao tema central, o que é certo é que Pinto de Sousa, dono de uma vontade férrea, alcançou a fama e o estrelato, não pela via do teatro ou da engenharia civil, mas pulsando os meandros da política. A sofrida (e sofrível) licenciatura que, ao que parece, obteve, fê-lo subir um degrau, mas foram os seus dotes teatrais que o catapultaram para o poder.
Hoje é conhecido internacionalmente pelo nome artístico que adoptou: Eng. José Sócrates, (os nomes próprios que os pais lhe atribuíram).
Eng. Sócrates ou apenas Sócrates.
Não se estranhe a escolha de Pinto de Sousa. Vistas as coisas do ponto de vista dos objectivos do seu utilizador, esta sonante denominação serviu-lhe na perfeição.
Por um lado, Sócrates foi um filósofo da antiguidade grega de quem, pelo menos, todos os que têm a escolaridade obrigatória ouviram falar. A maioria terá retido apenas o nome que dificilmente se esquece. Fica no ouvido.
Por outro lado, uma grande percentagem da população portuguesa só conhece dois homens com esse nome: um é brasileiro e foi um grande jogador futebol, os mais velhos ainda se lembram dele; o outro é português e ainda é (não podemos esquece-lo!) primeiro-ministro. Sem mais nem menos!
Quando daqui a uns anos, se fizerem inquéritos de rua sobre a história de Portugal pós 25 de Abril poucos saberão que cargos ocuparam Spínola, Costa Gomes Pinheiro de Azevedo, Jorge Sampaio, ou mesmo o ainda actualíssimo Durão Barroso. No entanto ninguém hesitará em atribuir o cargo de primeiro-ministro a Sócrates (escrevo com cuidado porque não sei se Pinto de Sousa que, até agora, não deixou a cadeira do poder, permanecerá nela por mais uns anos, ou voltará a ela daqui a uns anos. Tenho a impressão de que ele quer mais. E quando ele quer… parece que não há em Portugal quem seja capaz de lhe dizer “Basta!” Pode acontecer que tudo se repita. Nessa altura, conformados a acomodados como somos, resta-nos esperar que caia da cadeira).
É este o Sócrates que ficará na memória do povo português (ironia das ironias, Sócrates, o filósofo, usava o diálogo como método de trabalho. Era tido na sua época como o mais sábio dos homens, mas humildemente afirmava-se ignorante: “ só sei que nada sei”, dizia). Grande proeza a de Pinto de Sousa: entrou na política, trepou, sentou-se no poder, lá bem no alto, de onde se nos impõe, fazendo de conta que é democrata (até quando?). Urdiu e executou os seus planos com afinco e eficácia. Sócrates governou-se a si próprio, desgovernando Portugal. Ninguém o esquecerá!
Este estado de coisas poderá dar azo, a confusões e discussões acaloradas. Por exemplo, imagino como se fossem verdadeiras, cenas do eterno e popular concurso “ Quem quer ser milionário”, onde quase ninguém ganha nada.
Para responder à pergunta “Quem é Sócrates, o que buscou a sabedoria?”, os concorrentes têm quatro alternativas:
A = Filósofo grego B = Ex Futebolista Brasileiro C = (Ex?) Dirigente socialista Pinto de Sousa D = (Ex?) Primeiro-ministro de Portugal
Será um choque para muitos, sentir-se-ão enganados quando, ao assinalarem como certa a hipótese D, lhes for comunicado que a opção A é a resposta correcta à pergunta em jogo

Não é verdade que toda a gente sabe que Sócrates é (até quando?) o primeiro-ministro português? E com certeza que buscou a sabedoria e a encontrou, pois ele é que sabe, aliás sabe-a toda! Na Grécia não há nenhum primeiro-ministro chamado Sócrates, nem sequer um primeiro-ministro que tenha encontrado a verdade como o nosso (ainda?). Por isso a Ângela da Alemanha, que também sabe muito, gosta tanto dele e não gosta nada dos gregos que enganaram toda a gente, estão cheios de buracos. Como pode a resposta D estar errada?
Aliás, admitindo que temos alguns buraquitos, em breve ficaremos sem eles. Há vários anos que, todos os dias, se vêem funcionários do estado (muitos!) a tapar buracos nas ruas. Ultimamente há sempre um polícia que protege esses trabalhadores. Os automobilistas, ao ver tal ajuntamento e ocupação da via pública, não percebiam que eles estavam a trabalhar, irritavam-se e não obedeciam à ordem de parar. Parar? Para ver o quê? Inicialmente, alguns, ainda pensaram em acidente (todos nós sabemos como é mórbida a nossa curiosidade e nos faz ser “solidários, abrandar olhar …) Quando perceberam que não era nada disso, e repararam que estavam a chegar atrasados ao trabalho por causa dos tapa-buracos, começaram as desobediências, o chinfrim das buzinas e gritavam-se piadas insultuosas que chamavam aos coitados abre-buracos para estragar a vida de quem tem que trabalhar … Quanta Ignorância, injustiça e selvajaria (o ainda primeiro-ministro diz selvajaria pá. Vi na televisão). Tudo obras necessárias! Esconder os buracos é imprescindível! Portugal tem que apresentar-se arranjadinho à Europa! Todo roto, ela não o quer!

Sócrates e os seus rapazes sabem muito bem de que é que Portugal precisa. Proclamam até que mais ninguém o sabe e advertem: quem se lhes opõe é totalmente irresponsável!


Bom, já chega de brincadeira. Nós portugueses somos assim: a ironia e o sarcasmo aliviam-nos nos momentos mais críticos da vida. “ Pobrete, mas alegrete “ é um velho ditado luso.

Estamos em democracia (?) e declaro que estou indignada! Sinto-me ofendida na minha dignidade e no meu orgulho de ser portuguesa. Há muito tempo! Este homem é maquiavélico e manipula as pessoas a quem deveria servir, como poucos na História de Portugal. Fazendo jus ao seu lema, usa qualquer meio para alcançar os seus fins, que mais não são do que objectivos absolutamente particulares. O povo português e o seu bem-estar nunca lhe interessaram.
Qualificar Sócrates como bom actor é difamar todos aqueles que contribuem para que a representação seja considerada uma arte! Afirmar que é mestre do ardil e da manha, um embusteiro que mente com quantos dentes tem, é coloca-lo no lugar que lhe compete. Mascara-se de cordeirinho para os “parceiros” europeus, rapaz impoluto e bem comportado. Cá dentro é o Lobo Mau.
Actor que ficou na Historia foi Ronald Reagan, considerado por muitos um óptimo presidente da E.U.A. Serviu o seu país. Sócrates serve-se do nosso, denegrindo e enxovalhando as pessoas, desrespeitando as instituições, trabalhando para os media sempre em falso registo, enganando todos, mas principalmente quem nele votou a troco de promessas que ele sabia serem falsas.
Que me interessa que lá fora seja aplaudido de pé? Esses, desconhecem e (ou) não lhes interessa saber que, aplaudem um embusteiro que também os enganaria e prejudicaria se pudesse. Mas não pode.
A nós Sócrates pretende tirar-nos a soberania. Eu tenho orgulho em ser portuguesa. Não lhe admito essa insolente ousadia.
Não tenho capacidade de fazer mais do que isto. Resolvi escrever sobre o que me vai na alma, apregoando a minha revolta perante o lodo que invadiu e sujou o meu País à beira-mar plantado.

Ouvindo-os falar, reconheço em várias figuras públicas capacidades que lhes permitiriam, se quisessem, unir-se e trabalhar em prol da reconstrução de Portugal. Não me interessa saber se pertencem ou não a algum partido. Importante é o facto de serem conhecidos do povo em geral que os respeita (ainda) e ouve as suas opiniões. Trata-se de gente reconhecidamente competente, alguns com experiência de governo, que nos media escrevem e falam constantemente sobre o Estado da Nação, que mostram saber como funcionam a União Europeia e os tão temidos e dominadores mercados. Pessoas que nos têm alertado e aberto os olhos para o buraco e degradação em que Pinto de Sousa nos meteu. No entanto até agora não fizeram mais do que isso. São meros treinadores de bancada. Ora numa altura destas, em que se exigem tamanhos sacrifícios a um povo que não vislumbra alternativas, esta atitude incomoda, irrita. Estamos fartos de palavras! Queremos actos que devolvam à política e à governação a ética essencial que lhes foi retirada. Precisamos de voltar a acreditar que os políticos e governantes exercem as funções que lhes foram confiadas de forma honesta e digna, servindo aqueles que representam. É urgente poder voltar a confiar em quem nos governa.

Enorme desafio este, que exige patriotismo, espírito de sacrifício, renúncia de comodidades e coragem. O povo português, que está a ser injustamente sacrificado e punido por crimes cometidos por quem o devia guiar e proteger mas o enganou, dará o devido valor a quem, por causa de Portugal e dos portugueses, se abalançar nessa gigantesca tarefa de governar o país.

Teriam tempo de se apresentar em eleições formando um movimento suprapartidário, anunciando medidas que os partidos não apontam, dizendo a verdade aos eleitores repudiando objectivos que neste momento são impossíveis de cumprir, prometendo apenas desempenhos dignos, sérios, honrados e leais, tendo em vista o necessário crescimento económico do nosso pais, que só será possível com o restabelecimento da confiança e da credibilidade de que fomos ilicitamente privados.
Os partidos políticos com assento parlamentar não se entendem. Tornaram-se abstracções em que é difícil acreditar. As guerras os jogos politiqueiros em que estão permanentemente envolvidos, denotam a imoralidade de uma classe política corrompida e total falta de respeito pelos portugueses lhes atribuíram o poder/dever de os representar. São também todos eles os responsáveis pela perigosa debilidade da nossa democracia.

Sem obedecer a nenhuma ordem, estou a lembrar-me de personalidades que estão na ribalta, como Miguel Cadilhe, Bagão Félix, António Lobo Xavier. António Barreto, Pacheco Pereira, Clara Ferreira Alves, Miguel Sousa Tavares, Marcelo Rebelo de Sousa, Maria João Avillez, Manuela Ferreira Leite, António Costa, Medina Carreira, Adriano Moreira, Marques Guedes, Ana Gomes Morais Sarmento e tantos outros.
Seria também fundamental, numa altura destas, que profissionais e técnicos altamente qualificados, mas de momento afastados da vida pública, aparecessem. Não falo em nomes neste caso. Peço apenas que não se escondam e ofereçam os seus préstimos ao país que também é o deles.
Apelo ao sentido patriótico destas pessoas para que se juntem a nós e contribuam para que, com empenho altruísmo, abnegação, trabalho, sacrifício e esforço de todos os portugueses, possamos recuperar a auto-estima, dignidade e independência que nos foram roubadas.
Por Portugal!
 Luísa Castelo-Branco

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